Se está a pensar comprar uma consola nova daqui até ao Natal – em específico a PlayStation 5, a Xbox Series X ou a Nintendo Switch OLED –, poderá ter dificuldades em conseguir uma. Dados e informações reunidos pela Exame Informática mostram uma escassez de consolas no mercado naquela que é a altura mais concorrida para estes dispositivos de eletrónica.
Das três grandes empresas de consolas – Sony, Microsoft e Nintendo –, a Nintendo é a única que admite de forma aberta a escassez . “É muito provável que não tenhamos stock suficiente de alguns modelos incluindo a [Switch] OLED, mas estamos a concentrar esforços para ter o máximo de stock possível”, sublinha a empresa em resposta enviada por e-mail.
A Microsoft, dona da Xbox Series X e da Xbox Series S, sublinha que a procura “permanece elevada”, mas não responde de forma direta à possibilidade de faltarem consolas durante as próximas semanas no mercado português. A marca garante, no entanto, estar a trabalhar “o mais rapidamente possível com os parceiros fabricantes e retalhistas para acelerar a produção e o envio, de forma a acompanhar a procura sem precedentes”, garante, também por e-mail, fonte oficial da tecnológica.
Já a Sony, responsável pela PlayStation 5, escolheu não comentar a escassez de consolas no mercado português.
Rotura de stock
Mas dados cedidos pelo portal de comparação de preços KuantoKusta (KK) à Exame Informática mostram claramente que não há consolas suficientes para tanta procura. No caso da PlayStation 5, a plataforma registou uma taxa de cancelamento – ou seja, pessoas que tinham efetuado a encomenda ou compra da consola, mas acabaram por desistir – de 17% por rotura de stock, “o que é uma taxa muito alta tendo em conta a média do nosso mercado”, revela o KK. “As PS5 estão esgotadas desde o dia zero. Desde o momento do lançamento não houve stock para a quantidade de encomendas, o que fez disparar os preços”, sublinha um porta-voz do KK em respostas enviadas por e-mail.
Na Xbox Series X o caso foi “ainda mais grave”, sublinha o KuantoKusta – na consola topo de gama da Microsoft a taxa de cancelamento por rotura de stock foi de 25%. “ Nesta época de grande consumo, em especial no Natal, costumamos verificar um aumento significativo de encomendas de consolas, e aqui, mais uma vez, é possível que as lojas não tenham tanto stock como gostariam”, sublinha fonte oficial do KK.
Já a Nintendo Switch OLED, o modelo mais recente a chegar ao mercado, não registou até agora encomendas canceladas por rotura de stock, segundo os dados da plataforma de comércio eletrónico.
Também a Fnac, uma das principais cadeias de retalho de eletrónica em Portugal, admite a escassez de consolas, que vai continuar a sentir-se nas próximas semanas. “Tendo em conta a altura do ano em que nos encontramos, é expectável que a procura aumente consideravelmente. Neste sentido, é possível que nas próximas semanas exista alguma limitação a nível de stock, não sendo possível disponibilizar estas consolas nas prateleiras”, sublinhou Pedro Falé, diretor comercial da Fnac Portugal, em resposta por e-mail, sendo taxativo naquilo que vai acontecer: “A oferta será menor face à procura”.
O responsável lembra que a falta de consolas será transversal ao “mercado em geral”, pois deve-se acima de tudo a fatores externos, como a crise dos chips, os problemas nas cadeias de fornecimento e a grande procura dos consumidores. “Uma vez que se trata de uma condicionante a nível do mercado e dada a incerteza de disponibilidade de stock, não iremos criar um sistema específico para gerir as vendas das consolas nesta época. Criar uma lista de espera, por exemplo, poderia criar expectativas aos nossos clientes e poderia eventualmente defraudar as mesmas, pelo que na Fnac não o iremos fazer”, salienta Pedro Falé.
Já a Worten, outra grande cadeia de retalho, diz que tem feito esforços de planeamento para “garantir que não há atrasos muito significativos na entrega de mercadoria e, dessa forma, assegurar o devido stock nas nossas lojas”. No entanto, também a empresa admite que irá ter uma “disponibilidade muito intermitente” das principais consolas de videojogos. “Para este tipo de produtos, não estamos, de momento, a aceitar reservas, precisamente porque os fornecedores não nos dão garantias a 100% da data de entrega da mercadoria”, acrescenta ainda fonte oficial da Worten.
Já Pedro Falé, da Fnac, revela que para garantir que todas as encomendas são correspondidas, a compra de consolas é sempre feita “com base no feedback da marca acerca da sua disponibilidade”, mas o grupo de lojas afasta qualquer cenário de aumento de preços por falta de escassez. A Worten também não está a aumentar o preço dos produtos, sublinha a empresa. No entanto, como a Exame Informática já noticiou em maio, há retalhistas no mercado português a vender PlayStation 5 a mais de 900 euros, quase o dobro do preço de venda oficial da consola.