Os EUA, a União Europeia e a NATO acusam a China de estar por trás dos piratas que atacaram o sistema de correio eletrónico da Microsoft há alguns meses. Apesar da acusação, os países não mencionam qualquer sanção para a China, relevando-se os desafios de confrontar uma nação que tem ligações económicas profundas em todo o mundo. A Europa, lembra o NY Times, tem acordos comerciais lucrativos com a China e sempre se mostrou reticente em criticar publicamente Pequim. O Secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken acusa a China de “fomentar um ecossistema de piratas informáticos contratados que encetam ataques apoiados pelo governo e ciberataques para proveito financeiro próprio”.
A Europa acusa Pequim de ser conivente com os piratas informáticos e os EUA e Reino Unido avançam na acusação, apontando o dedo diretamente às relações entre as agências de inteligência da China e os grupos organizados de hackers.
As nações ocidentais pretendem que China, Rússia e outros países cheguem a um acordo para definir padrões de comportamento a proibir, sabendo-se de antemão que tentar simplesmente banir a atividade criminal seria um objetivo demasiado ambicioso.
Ao contrário do que aconteceu com a Rússia, onde foram impostas sanções económicas por se considerar que o país foi culpado dos ataques à SolarWinds, no caso chinês não se preveem para já castigos financeiros.
A concertação das acusações serve ainda para mostrar que o Ocidente está atento às manobras vindas de Pequim, especialmente depois de algumas ações onde agentes chineses são acusados de roubar propriedade intelectual e dados médicos, além dos ciberataques perpetrados por grupos organizados de hackers.
Em março, a Microsoft revelou ter detetado a presença de piratas dentro dos sistemas do Exchange, os servidores que as empresas mantêm nas suas instalações a correr software da Microsoft e que conseguiu identificar ligações destes hackers ao ministério chinês de Segurança. Com esta intrusão, os piratas conseguiram acesso ao correio eletrónico e outros dados sensíveis de empresas, agências contratadas e organismos públicos.
O porta-voz da Embaixada da China nos EUA respondeu à acusação, descrevendo-a como um “ataque sem fundamento” e que se trata de “um truque velho, sem nada de novo”. O responsável lembrou ainda as acusações de Edward Snowden, que denunciou operações de grande escala organizadas e indiscriminadas levadas a cabo pelos EUA.
A NATO assina um comunicado onde exorta “todos os estados, incluindo a China, a manter os seus compromissos internacionais e obrigações e a atuar de forma responsável no sistema internacional, incluindo no ciberespaço”.
O documento de acusação conjunta é subscrito pela União Europeia, EUA, Austrália, Reino Unido, Canadá, Japão e Nova Zelândia.