O diretor executivo da Apple expressou preocupação relativamente às consequências de se utilizarem algoritmos para cativar cada vez mais utilizadores e assegurar que estão a interagir com os conteúdos, a qualquer custo. Segundo Tim Cook, as empresas estão mais preocupadas com o que conseguem fazer sem serem apanhadas, em vez de se focarem nas formas mais éticas e legais de conseguir aumentar as métricas dos utilizadores.
“Num momento de desinformação galopante e de teorias da conspiração alimentadas por algoritmos, não podemos ignorar a teoria da tecnologia que diz que todas as interações [das audiências] são boas interações – com o objetivo de recolher tantos dados quantos possível. (…) Quais são as consequências de vermos milhares de utilizadores juntarem-se a grupos extremistas e depois a perpetuarem um algoritmo que recomenda ainda mais?”, advertiu o executivo da Apple na conferência Computer, Privacy and Data Protection, citado pela ZDNet.
Tim Cook admite que a Apple pode ser ingénua, mas que prefere medir a tecnologia pelo bem que faz na vida dos utilizadores: “Será que o futuro irá pertencer às inovações que tornam as nossas vidas melhores, mais ricas e mais humanas? Ou vai pertencer àquelas ferramentas que dão primazia à nossa atenção, excluindo tudo o resto, a compor os nossos medos e a agregar o extremismo, para servir anúncios direcionados e mais invasivos do que nunca sobre todas as outras ambições?”.
“Está na hora de pararmos de fingir que esta abordagem não tem um custo – de polarização, de perda de confiança e, sim, de violência”, disse ainda, para depois acrescentar: “Não podemos permitir que um dilema social se transforme numa catástrofe social”.
A Apple vai lançar em breve o App Tracking Transparency, uma forma de alertar os utilizadores quando as apps tentam aceder a identificadores de publicidade dos sistemas operativos da marca – o que tem motivado uma guerra pública entre a tecnológica e o Facebook.