Um estudo de duas investigadoras da Universidade do Colorado e da Universidade de Boise, nos EUA, analisou as respostas de mulheres heterossexuais, entre os 18 e os 34 anos sobre as suas primeiras impressões de fotos de perfis que poderiam ser publicadas em apps de encontros. Em estudos anteriores, concluiu-se que 43% das pessoas julga conseguir apanhar traços de personalidade do outro com base apenas na sua foto de perfil. As autoras queriam comprovar a tese de que homens que posem com gatos nestas imagens têm mais probabilidades de ser escolhidos para um encontro virtual ou no mundo real, mas as respostas mostraram que não é bem assim.
As 1388 mulheres que participaram no estudo viram um par de imagens de homens na casa dos 20 anos: uma foto com um homem sozinho e outra numa pose com um companheiro felino. Cada fotografia foi avaliada depois sobre vários critérios de personalidade do sujeito: masculinidade, feminilidade e probabilidade de avançar-se para um encontro. As mulheres tiveram também de se classificar como gostando de gatos, de cães, de nenhum dos dois ou de ambos, explica o The Next Web. As respostas das mulheres surpreendem: a maioria considerou que os homens com gatos seriam menos extrovertidos, mais neuróticos e menos masculinos. Outros estudos anteriores mostraram que as mulheres que recorrem a estes serviços e apps procuram homens com traços masculinos, quer em termos de aparência, quer comportamental. Assim, é legítimo concluir que, ao ‘dar menos hipóteses’ aos homens com gatos, as mulheres dão primazia aos traços masculinos do que ao facto de terem animais ou não, na altura de determinar a probabilidade de avançar para um encontro.
Estas conclusões parecem representar ainda preconceitos culturais antigos e instituídos na sociedade, onde a feminilidade masculina e a homossexualidade são vistas muitas vezes como estando ligadas. Assim, as mulheres do estudo não parecem dar mais importância ao facto de um homem ter um animal como ao facto de que esse animal é um gato.
Ainda assim, estes utilizadores que aparecem com gatos foram classificados de uma forma positiva, mas mais na ‘zona de amigos’ do que propriamente na zona para encontros românticos.
As mulheres que se classificaram como gostando de gatos ou de nenhum (cão ou gato) apresentaram mais probabilidade de avançar para um encontro com os homens com gatos.
As autoras reconhecem as limitações deste estudo, ao admitirem que o cenário de respostas poderá mudar se a amostra incluir respostas de bissexuais, mulheres de género fluido, homens interessados em outros homens ou pessoas com antecedentes culturais diferentes, uma vez que a maior parte das respostas obtidas agora foi de mulheres brancas, dos EUA e com idades entre os 18 e os 24 anos.