Continua acesa a troca de acusações entre a Epic Games, criadora do Fortnite, e a Apple, que removeu o popular jogo da App Store por considerar que violou as regras da loja de aplicações ao implementar um sistema de pagamento alternativo. No mais recente desenvolvimento, a Apple voltou a lembrar que não abre exceções nas interpretação das regras da App Store e que este braço de ferro pode ser “facilmente resolvido”.
“O problema que a Epic criou para si mesma pode ser facilmente resolvido se submeterem uma atualização para a app que reverta e que obedeça aos termos e condições de utilização com que concordaram e que se aplicam a todos os programadores (…) Não vamos fazer uma exceção para a Epic porque não consideramos que é correto colocar os seus interesses de negócio à frente das linhas de conduta que protegem os nossos clientes”, sublinhou a Apple num comunicado enviado ao The Verge.
A resposta da Apple surge após a empresa ter ameaçado remover as autorizações de desenvolvimento da Epic Games para iOS e MacOS, se a criadora do Fortnite não retirar o novo sistema de compras dentro do jogo. Perante esta ameaça, a Epic Games pediu à justiça norte-americana que travasse a ação da marca da maçã.
“As ações da Apple vão ‘partir’ o Fortnite para milhões de jogadores (…) Os utilizadores de iOS não vão poder atualizar o jogo e não vão poder jogar com os outros jogadores, que vão ter as versões atualizadas disponíveis noutras plataformas”, lê-se na carta que Timothy Sweeney, CEO da Epic Games, enviou para o tribunal. As atualizações referidas são o que permite, por exemplo, jogar o Battle Royale, um dos modos mais populares em que cem jogadores lutam pela sobrevivência.
A Epic denuncia ainda ações de retaliação da Apple que passam por terminar todas as contas de programador da editora e bloquear o acesso a ferramentas de programação a partir de 28 de agosto. A Epic Games, recorde-se, cria ferramentas como o Unreal Engine, que são usadas por outros criadores de jogos ou em cenários como a imagiologia médica ou design automóvel. Ao ver vedado o acesso a estas ferramentas, a editora alega que não será capaz de continuar a oferecer o Unreal Engine para Mac ou iPhone, o que irá afetar centenas de jogos, alguns (como PUBG) com centenas de milhões de jogadores.
Sweeney escreve que “os efeitos vão reverberar para lá da indústria dos videojogos (…) o impacto na viabilidade do Unreal Engine, e na confiança que os developers têm neste motor, não pode ser indemnizada com um prémio em dinheiro”.
A colaboração entre a Apple e a Epic estende-se ao domínio da realidade aumentada, com uma parceria assinada em 2018 entre ambos para colocar o Unreal a funcionar melhor nos aparelhos da ‘maçã’, lembra a Reuters.
A Apple removeu o acesso ao Fortnite na App Store depois de a Epic ter lançado um meio de pagamento que não passa pelos sistemas da empresa de Cupertino e que não obriga à partilha (injusta, na opinião da Epic) de 30% das receitas geradas.