As capacidades informáticas de Rui Pinto vão ser usadas pelas autoridades para investigar situações de ilicitude. A ‘recruta’ terá mesmo sido uma das condições para a libertação, após mais de um ano de prisão preventiva.
O hacker abandonou as instalações da Polícia Judiciária neste sábado ao final do dia e foi colocado numa residência segura, sob vigilância do corpo de segurança pessoal da Polícia de Segurança Pública. A PJ vai contar agora com a cooperação do jovem para investigar os grandes casos de corrupção e, segundo o Correio da Manhã, esta ajuda poderá implicar “nova identidade, com ordenado, casa e despesas pagas” para Rui Pinto. O hacker vê assim restabelecido o seu acesso à Internet também. Os procuradores do Ministério Público estão contra esta decisão, frisando que a passagem para a situação em que Rui Pinto se encontrava já era uma consequência da colaboração que mantinha com a PJ.
A juíza de instrução criminal Cláudia Pina justifica a decisão da libertação com o “sentido crítico e uma disponibilidade para colaborar com a justiça” e pelo “reduzido perigo de fuga”, especialmente dado o contexto da pandemia. O Ministério Público, por sua vez, salienta que “levantado o encerramento das fronteiras e o reatamento das progressivo das ligações aéreas a que se vai assistindo, agrava-se o perigo de fuga, não sendo suficiente a medida de coação proposta de apresentações junto de posto policial da área de residência para acautelar o aludido perigo de fuga que a medida de coação de permanência na habitação visou acautelar”.
O Público avança que outra das condições para a libertação passou também pela revelação das passwords dos dez discos rígidos apreendidos e que apresentavam um sistema de encriptação tão avançado que nenhuma autoridade europeia conseguiu quebrar. Rui Pinto está acusado de 90 crimes e vai agora aguardar julgamento em liberdade.