Um grupo de funcionários do Facebook decidiu protestar contra a política da empresa em relação às publicações feitas por Donald Trump. Este conjunto de manifestantes não concorda com a posição assumida pelo CEO e defende que as mensagens do presidente dos EUA deviam ser controladas tão rigorosamente como fez o Twitter. Os funcionários do Facebook deram conta deste protesto nas suas contas de Twitter e, entre eles, destacavam-se alguns executivos do topo da cadeia ou os sete engenheiros que mantêm a biblioteca de código React que suporta as apps do Facebook.
Um comunicado conjunto, citado pela Reuters, refere que “a decisão recente do Facebook de não agir sobre publicações que incitam à violência ignora outras opções para manter a nossa comunidade em segurança. Imploramos à direção do Facebook que #TakeAction”, encorajando a liderança da empresa a tomar decisões e executar ações.
O porta-voz da Facebook, Andy Stone, disse que a empresa vai permitir que os funcionários participem nestes protestos, sem terem de marcar dias de férias, noticia a Reuters.
Numa das mensagens, um funcionário adiantava que a sessão de perguntas e respostas com Zuckerberg que geralmente ocorre à sexta-feira foi mudada para esta terça-feira. Em paralelo, a Talkspace terá cancelado as negociações com a Facebook e o CEO da empresa escreveu que não poderia apoiar uma “plataforma que incita à violência, racismo e mentiras”.
Estas manifestações surgem numa altura de revolução nas ruas dos EUA, onde milhares se manifestam contra a violência policial e o racismo, depois do episódio que levou à morte de George Floyd, cuja detenção foi filmada e colocada online e onde vemos o homem deitado no chão, com um joelho no pescoço a queixar-se de que não consegue respirar durante nove minutos. As manifestações nem sempre têm sido pacíficas, havendo lugar a pilhagens, destruição de propriedade e confrontos com a polícia.
À luz destas manifestações, Trump escreveu uma mensagem no seu perfil de Twitter e do Facebook (‘when the looting starts, the shooting starts’, que pode ser traduzido por ‘quando começam as pilhagens, começa-se a disparar’ e interpretado como um apelo à violência). O Twitter assinalou a mensagem como estando a violar a política sobre glorificação da violência, mas deixou-a pública com essa nota e como exceção de interesse público. Por outro lado, o Facebook não teve uma postura semelhante, deixou a mensagem publicada e, algumas horas mais tarde, Zuckerberg escreveu que apesar de a mensagem ser “ofensiva”, não violava qualquer política de conteúdo da rede social.
Uma grande fatia de funcionários do Facebook não concorda com a postura mais branda da rede social e daí ter vindo a manifestar-se.