Com três letrinhas apenas se escreve a sigla CTO – mas são precisos muitos mais carateres para escrever os salários de um diretor de tecnologias em Portugal, como confirma o Guia do Mercado Laboral 2020 da Hays. De acordo com a análise de mercado da consultora, um diretor de tecnologias com mais de 10 anos de experiência pode ganhar até 95 mil euros anuais, se estiver em Lisboa. É provavelmente o cargo mais bem remunerado no setor das tecnologias em Portugal, tendo apenas paralelo com os mesmos 95 mil euros anuais e em bruto que ganha um diretor de informática com a mesma experiência na capital. Em ambos os casos, há um diferencial que se destaca: o topo dos salários anuais pagos em Lisboa pode ser 20 mil euros superior ao topo dos salários anuais pagos para as mesmas funções e experiência no Porto.
Segundo o Guia agora divulgado pela Hays, um diretor de tecnologias (ou CTO) recebe no Porto 74.200 euros brutos por ano, quando tem mais de 10 anos de experiência. Ainda na Invicta, um diretor de informática nas mesmas condições ganha um pouco menos por ano: 72.500 euros em bruto.
A análise levada a cabo pela Hays apresenta três escalões de valores (mínimo, máximo ou médio) que são cruzados com a experiência na direção de informática. As estimativas não têm em conta bónus, prémios ou outros tipos de variáveis. O estudo contemplou ainda inquéritos a 3250 profissionais e 790 empregadores. Clique na galeria abaixo para ver as previsões que a Hays deu a conhecer quanto aos salários pagos no setor das tecnologias em Lisboa e Porto.
A partir desta análise, a Hays estima que os salários para os diretores de informática a trabalhar tanto no Porto como em Lisboa. É a partir deste cruzamento de dados que é possível apurar que um diretor de informática começa por ganhar 42 mil euros anuais brutos quando tem entre três e cinco anos de experiência, enquanto em Lisboa para a mesma função esse valor sobe para 48 mil euros.
No caso dos diretores de tecnologias, no escalão mínimo com três a cinco anos de experiência no cargo, o salário bruto anual está fixado em em 55,500 euros em Lisboa, mas no Porto não deverá ir além dos 40 mil euros.
Nas profissões com remunerações mais baixas, o típico profissional de apoio informático das empresas (conhecido como helpdesk) tem no escalão mínimo um salário anual bruto de 16,800 euros se trabalhar no Porto e tiver menos de dois anos de experiência – e posiciona-se assim na base da hierarquia dos salários estimados pela Hays para o setor das tecnologias. Em Lisboa, um profissional de helpdesk com menos de dois anos de experiência começa a ganhar 18 mil euros anuais brutos.
Nas tabelas compiladas pela Hays, é ainda possível confirmar que há, pelo menos, cinco marcas de tecnologias que já criaram ecossistemas próprios que influenciam os salários pagos aos especialistas. É com base nessas estimativas que é possível apurar que um consultor SAP pode chegar a um salário de 48.000 euros anuais brutos se tiver mais de cinco anos de experiência e trabalhar em Lisboa (no Porto são 46.000 euros). Em contrapartida, um consultor Primavera pode chegar aos 45 mil euros anuais brutos se estiver no escalão máximo, trabalhar em Lisboa e tiver mais de cinco anos de experiência (no Porto são 36 mil euros). Por fim, realce par ao facto de um consultor em tecnologias da Outsystems com mais de cinco anos de experiência ganhar 39.200 euros anuais brutos, quando se encontra no Porto (valor que cresce para 43.400 euros em Lisboa). Ainda nos ecossistemas das marcas, destaca-se a curiosidade de em quase todos os cenários os programadores para iOS serem mais bem pagos que os de Android, com a exceção de algumas posições existentes no Porto, que pagam mais a programadores para Android que a programadores para iOS.
Com base nos dados recolhidos para o novo Guia Salarial, a Hays conclui que os vencimentos vão continuar a aumentar no ano de 2020, embalados pela crescente procura dos empregadores e a escassa oferta de profissionais.
“O setor de IT (tecnologias da informação) continua a ser uma área liderada pelo candidato, dado que a procura por estes perfis é bastante elevada, especialmente em regiões como Braga, Porto, Cascais, Lisboa e Oeiras, e o talento disponível para uma mudança de emprego é reduzida, por vários fatores”, refere Cátia Carvalho, Líder de Equipa da Hays Portugal, em comunicado.
A Hays adianta ainda mais um número que confirma a pressão gerada pela procura de profissionais das tecnologias: 62% dos inquiridos recusaram ofertas de emprego. O estudo revela ainda que 33% dos profissionais foram aumentados nos tempos mais recentes, sendo que seis por cento terão sido promovidos. “A dificuldade em recrutar nesta área irá manter-se pela “pool de talento” ser escassa e os candidatos estarem cada vez mais atentos e delinearem uma mudança segura, consciente que lhe “encha as medidas” para a tal mudança. Por outro lado, há cada vez mais empresas a quererem contratar, criando o gap entre procura e oferta na área”, refere ainda Cátia Carvalho.
A Hays prevê ainda que, durante 2020, a procura incida especialmente sobre analistas de Inteligência de Negócio, engenheiros e cientistas de dados, programadores de front-ends, programadores de Java, C# e .NET, consultores para softwares de gestão, engenheiros de inteligência artificial e aprendizagem máquina, e programadores para soluções móveis.