A China está na reta final da conclusão do sistema de posicionamento que pretende ser uma alternativa ao GPS dos EUA. A rede de satélites chinesa Beidou vai contar com uma base de potenciais utilizadores digna de respeito, uma vez que mais de 70% dos smartphones chineses estão já prontos a operar com o novo sistema. Se se considerar que os fabricantes chineses de smartphones foram responsáveis por 40% dos equipamentos colocados no mercado no segundo trimestre de 2019, percebe-se melhor o alcance e a popularidade que esta solução pode vir a ter.
Os dois últimos satélites necessários a esta constelação devem ficar operacionais em junho de 2020, segundo o diretor do projeto Ran Chengqi, citado pela Associated Press. A rede Beidou conta já com 120 parceiros interessados em usar o serviço, ao abrigo da iniciativa de infraestrutura Belt and Road. Em 2020, a China terá 35 satélites de geolocalização em órbita e irá ultrapassar os EUA no número de equipamentos nesta categoria.
Este passo faz parte de uma estratégia mais global da China que pretende dominar a próxima geração de serviços de telecomunicações, em conjunto com os desenvolvimentos na quinta geração de redes móveis (5G). Em Wuhan, as autoridades chinesas estão a preparar um teste de como o novo sistema de posicionamento e a 5G podem operar em conjunto para orientar um carro autónomo ao longo de uma pista de testes com 28 quilómetros de comprimento.
Alexandra Stickings, do Royal United Services Institute for Defense and Security Studies, explica que há uma componente de expansão de influência, mas também razões de segurança económica por trás deste plano: «A principal vantagem de ter um sistema próprio é a segurança de acesso, no sentido em que não há dependência de outro país para o fornecimento. Os EUA poderiam recusar o acesso aos utilizadores em certas áreas, por exemplo, em tempos de conflito», cita o TechCrunch.
Os bens e serviços ligados à rede Beidou estão avaliados com um potencial de 57 mil milhões de dólares já em 2020 – e por aqui se percebem também as vantagens económicas de se conseguir maior autonomia neste campo.