O Senado norte-americano não gosta da ideia de o Facebook lançar uma criptomoeda chamada Libra em 2020. Representantes dos dois partidos consideraram, numa audiência específica para o efeito, que o Facebook demonstrou, «escândalo após escândolo que não merece a nossa confiança», disse o democrata Sherrod Brown. Recorde-se que a empresa de Zuckerberg não tem tido vida fácil em Washington depois de ter sido acusada de não lidar corretamente com os dados dos utilizadores e de não ter feito o suficiente para evitar a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
«Seríamos loucos se lhes dessemos uma hipótese de fazerem experiências com as contas bancárias das pessoas», continua Brown, que pertence ao Senate Banking Committee. «Não confio em vocês. Em vez de arrumarem a casa, estão a lançar-se num novo modelo de negócio», disse a republicana Martha McSally a David Marcus, o executivo de topo do Facebook que está a liderar o projeto da cibermoeda. Marcus, que presidiu ao PayPal de 2012 a 2014, prometeu que as críticas serão tomadas em consideração e que o Facebook não vai oferecer a Libra até que todos os temas regulatórios sejam cumpridos. «Sabemos que temos de conquistar a confiança dos utilizadores durante longos períodos de tempo», disse Marcus. «Se os EUA não liderarem a inovação na moeda digital e na área de pagamentos, outros fá-lo-ão», vaticinou o executivo. Esta postura fez alguns senadores adotarem algumas cautelas e não condenarem o projeto já à nascença: «Julgo que devíamos explorar e considerar os benefícios, tal como os riscos e adotar uma abordagem prudente. Mas anunciar logo à partida que temos de matar este bebé… ainda no berço, acho que é bastante prematuro», disse o republicano Patrick Toomey.
A Calibra, a subsidiária que vai ser criada para gerir os pagamentos, só irá partilhar dados com o Facebook e com terceiros caso tenha consentimento ou em casos muito limitados, noticia a Reuters.
Alguns ex-funcionários da Facebook contam que a empresa tentou manter o projeto Libra oculto e que, mesmo internamente, o staff não envolvido sabia muito pouco sobre a iniciativa.