Até ao final de 2019, Tomar deverá tornar-se num dos primeiros municípios de Portugal a instalar uma rede sem fios Long Range Low Power (LoRa) para gestão de equipamentos urbanos. A instalação desta rede especializada na denominada Internet das Coisas (IoT) está enquadrada no projeto de Cidade Inteligente definido pela autarquia ribatejana. Numa primeira fase, a nova rede deverá conectar 13.522 lâmpadas LED, sensores de qualidade do ar e do nível das águas do rio Nabão, e ainda dispositivos de controlo de bocas de incêndio. A vertente energética do projeto tem um custo estimado de 8,9 milhões de euros. Este valor inclui três milhões de euros que serão aplicados apenas nos dispositivos de iluminação. O projeto é liderado pela Ferrovial e conta com a participação da Arquiled.
«Este projeto vai funcionar como uma autoestrada, em cima da qual poderemos colocar depois colocar outros carros para prestar novos serviços à cidade. Depois da luminária, e dos sensores de qualidade do ar e das cheias no Nabão, vamos avançar para os sistemas de rega inteligente, partilha de bicicletas, uma app específica para transportes urbanos, e a recolha de resíduos sólidos urbanos… até porque pode não fazer sentido continuar a recolher contentores de lixo que não estão cheios», explica Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, quando questionada pela Exame Informática.
O projeto de cidade inteligente está ainda em análise no Tribunal de Contas, mas a presidente da Câmara de Tomar mantém a convicção de poder arrancar com a instalação da rede LoRa em setembro. Atualmente, o projeto, que é liderado pela Espanhola Ferrovial, está a estudar as localizações mais indicadas para a instalação de antenas no concelho ribatejano. A futura rede é vista como estratégica para o projeto de cidade inteligente. «É uma infraestrutura que vai permitir que passemos a atuar em antecipação das ocorrências. A nossa meta final é criar um centro de controlo que permita atuar com todas as funcionalidades previstas para estes novos serviços», acrescenta Anabela Freitas.

Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, pretende criar um centro de controlo para a cidade de Tomar
Além da aposta no IoT e na monitorização de dados em tempo real, a presidente da Câmara de Tomar não esconde que é a iluminação pública que lhe merece maior atenção: «É sempre um fator de pressão dos munícipes: todos querem ter luz à porta, mas os custos das luminárias são muito elevados».
Miguel Allen Lima, CEO da Arquiled, coloca a questão da luminária num prisma diferente: «Nem sempre faz sentido ter um candeeiro público com a potência máxima às 4h00 da manhã».
O executivo da Arquiled estima que a substituição das lâmpadas tradicionais por LED já permitirá poupanças energéticas de 60% a 70% dos custos da luminária tradicional, a que deverão somar-se as poupanças máximas de 25% devido ao controlo remoto das lâmpadas, que passa a ser assegurado através de comunicações entre os 800 MHz e os 900 MHz da rede LoRa.
Estimativas da Arquiled apontam para poupanças de 11,5 milhões de euros no que toca à iluminação de todo o concelho de Tomar nos próximos 16 anos. Além de permitir saber os consumos de diferentes candeeiros, a nova rede sem fios pretende abrir caminho a funcionalidades para redução ou aumento da luminosidade de acordo com as rotinas dos diferentes dias da semana ou consoante efemérides e festividades. «Além disso, o sistema passa a lançar alarmes para as avarias. Atualmente, os profissionais da Câmara têm de fazer rondas pelos concelhos para saber que candeeiros é que estão avariados. O novo sistema não só reduz custos como permite prestar melhor serviço», acrescenta Miguel Allen Lima.
As redes LoRa distinguem-se por comunicar a distâncias máximas de 20 quilómetros e permitirem que cada antena comunique com milhares de dispositivos em simultâneo. A largura de banda não será o principal atrativo, mas Miguel Allen Lima não tem muitas dúvidas das vantagens da LoRa face a outras tecnologias de rede: «Também poderíamos usar redes de quarta geração de telemóveis (4G) que têm larguras de banda maiores, mas implicam custos muito mais elevados».