Ajit Pai, presidente da Comissão Federal das Comunicações dos EUA (FCC), e George E. Glass, embaixador dos EUA em Portugal, reuniram-se na quinta feira com representantes do Governo Português. E não perderam a oportunidade de alertar para os alegados riscos do uso de tecnologias produzidas na China nas redes de telecomunicações portuguesas – em especial a quinta geração de telemóveis (5G). O governo Português ainda não se pronunciou sobre este assunto.
«As redes 5G vão ser muito diferentes das atuais e na nossa opinião a segurança tem de ser um componente fundamental do planeamento destas redes», frisou Ajit Pay, citado pelo Público, depois de uma reunião com alguns jornalistas portugueses.
A Huawei, fabricante de equipamentos de rede e telemóveis que tem vindo a registar um crescimento exponencial da quota de mercado, foi uma das principais visadas pelas palavras do presidente da FCC. Atualmente, a gigante chinesa encontra-se banida das centrais de compras federais dos EUA, numa medida que se estende igualmente a outras marcas chinesas que foram classificadas como ameaças nacionais, por alegadamente estarem obrigadas, por lei, a colaborar com os serviços de espionagem do estado chinês.
Em Portugal, o cenário é bastante diferente: a Huawei não só está sujeita às interdições que foram aplicadas nos EUA e Aústrália, como tem vindo a expandir a quota de mercado junto dos operadores de telecomunicações, tendo mesmo um acordo assinado com a Altice.
George E. Glass também não se coibiu de elevar a fasquia da pressão política, e de lembrar que o uso de tecnologias chinesas que foram alvo de interdição nos EUA poderá produzir efeitos ao nível da diplomacia: «A nossa preocupação é a segurança. E quando olhamos para as relações em termos de segurança com os nossos parceiros da NATO, … Portugal é um dos nossos aliados mais próximos. Se estivermos a falar de partilha de informação crítica através de redes que, na nossa perspetiva, não nos dão garantias e que não são seguras, penso que isso iria afetar as nossas relações com Portugal”, disse o embaixador dos EUA, citado pelo Público.