A democratização da Inteligência Artificial (IA), a aposta nas redes wireless de quinta geração (5G) e o aumento da base instalada de colunas inteligentes – estas são as três grandes tendências globais da área de tecnologia para 2019 e que irão marcar os próximos cinco anos, segundo o estudo internacional TMT Predictions da Deloitte. Mas será essa a realidade que vai vingar em Portugal ou as especificidades do nosso mercado vão atrasar-nos nesta corrida?
Sérgio do Monte Lee, Partner e Technology, Media & Telecom Leader da Deloitte, explica à Exame Informática que, tendo por base as análises dos estudos de anos anteriores, o mercado português pode ter algum atraso, mas que nunca é muito grande, ou seja, cerca de um ano. As três grandes tendências identificadas pela Deloitte são, aliás, uma boa forma de analisar as diferentes velocidades a que o território nacional é capaz de adotar estas tecnologias.

Sérgio do Monte Lee, Partner e Technology, Media & Telecom Leader da Deloitte
Começando pela Inteligência Artificial, Sérgio do Monte Lee refere que esta é uma área onde Portugal acompanha o ritmo internacional. E se, até agora, vigorava a existência de protótipos de IA cujos benefícios eram recolhidos por grandes tecnológicas com fartos recursos financeiros, a Deloitte prevê que a massificação comece a chegar em 2019. Isto significa que empresas mais pequenas poderão recorrer à cloud para tirar proveito da algoritmia dotada de IA sem terem de investir em desenvolvimento próprio. Assim, até 2020, a taxa de penetração de software empresarial com IA embutida e os serviços de desenvolvimento de IA baseados na cloud irão atingir percentagens estimadas de 87 e 83%, respetivamente.
Passando para o 5G, Sérgio do Monte Lee refere que esta é uma área onde Portugal já começa a ficar um pouco para trás. É que, embora ainda numa fase embrionária, 2019 vai ser o ano do lançamento comercial do 5G, com cerca de 25 operadores a preparem-se para lançar serviços desta nova rede wireless, um número que deverá duplicar até 2020. Como o licenciamento do espectro ainda não aconteceu em Portugal – o leilão está previsto para o próximo ano –, um pequeno atraso na adoção nacional desta tecnologia será inevitável.
A nível global, no total, mais de um milhão de dispositivos móveis 5G será vendido durante este ano, um valor que deverá expandir-se para 15 a 20 milhões até 2020. Contudo, as redes wireless de quinta geração não vão acabar com as anteriores a curto e médio prazo. Aliás, a Deloitte estima que, em 2025, apenas uma em cada sete ligações móveis seja efetuada com recurso ao 5G. É que, como explica Sérgio do Monte Lee, o 5G fará com que as operadoras tenham de enfrentar três desafios: o investimento financeiro; a monetização; e a cibersegurança.
Por fim, a área das tecnologias de reconhecimento de voz. Em 2019, os smart speakers (ou colunas inteligentes) deverão representar um mercado de 7 mil milhões de dólares, sendo a categoria de dispositivos conectados com um crescimento mais rápido – este ano, as receitas totais deverão subir 63%. Este tipo de dispositivo começou por ser adaptado em mercados de língua inglesa e está agora a espalhar-se para as regiões onde se fala mandarim, cantonês, francês, espanhol, italiano e japonês.
É precisamente a falta de suporte desta tecnologia para português de Portugal que faz com que o mercado nacional não adira às colunas inteligentes com o mesmo entusiasmo de outras geografias. Além disso, a Deloitte também refere que é necessária uma maior consciencialização global do potencial das smart speakers, pois muitos utilizadores limitam-se ainda a usá-las como colunas tradicionais.