Tim Berners-Lee subiu ao palco principal para abrir as “hostilidades” da Web Summit, esta segunda-feira, ao final da tarde em Lisboa. E até os mais veteranos da Web Summit terão ficado surpreendidos: grande parte da plateia principal levantou-se perante a lenda viva, que criou em 1989 a Web (e não a Internet, como recordou Berners Lee mal teve oportunidade) quando era investigador do CERN. Poucas pessoas terão alcançado tamanha reverência – e o pai da Web não desperdiçou as expectativas: de ora em diante, Lisboa -e a Web Summit – fica ligada ao lançamento de um contrato para a Web, com nove princípios.
Berners-Lee recordou que o número de primeiras ligações à Internet tem vindo a diminuir, mas há um momento crítico que se aproxima: enquanto cerca de metade da população mundial continua desligada, a outra metade depara-se com desafios relacionados com a privacidade, a liberdade de expressão ou as fake news. «Há umas quantas coisas que temos de resolver na Internet», começou por apontar antes de anunciar a grande novidade do dia. «E ao mesmo tempo temos de arranjar forma de alguém se ligar à Net». Para Berners-Lee chegou a hora de pôr fim à imaturidade e evoluir para a época da «responsabilidade». E frisou que a tecnologia pode criar valor, mas não deve perder de vista a necessidade de prestar um serviço ao utilizador – ou à humanidade.
Foi com esta mensagem que mescla o espírito de alerta e otimismo, que Tim Berners-Lee convocou todas as pessoas para que participassem no debate e na fase recolha de apoios para o Contrato da Web e dos respetivos nove princípios. O Governo de França e a Google já assinaram contrato. A fase de debate só deverá terminar em maio de 2019.
Eis os nove princípios que já foram apresentados na página da Web Foundation:
Para os governos: 1) garantir Internet para todos; 2) manter a Internet permanentemente disponível; 3) respeitar a privacidade enquanto direito fundamental. Para as Empresas: 4) tornar a empresa suportável em termos financeiros; 5) respeitar a privacidade e os dados pessoais; 6) desenvolver tecnologias que suportam o que de melhor há na humanidade e que desafiam o que há de pior; para os cidadãos: 7) criar e colaborar com a Web; criar comunidades fortes e respeitar o discurso público e a dignidade humana; 9) lutar pela Web (para que se mantenha aberta e como um recurso público em qualquer lugar no futuro).