Na comunicação social costumava dizer-se “o sexo vende”, no Web Summit podemos dizer que “o sexo angaria espetadores”. Isso foi notório no facto da conferência “A tecnologia mais sexy que está disponível” contar com uma audiência recheada. E esta atração das pessoas por quase tudo o que envolva sexo e pornografia reflete-se no facto de esta ser «uma das indústrias de maior crescimento na tecnologia», como salientou Stephanie Alys, cofundadora da MisteryVibe.
Esse crescimento reflete-se na forma como as pessoas – sejam elas solteiras ou estejam elas numa relação – incorporam cada vez mais a tecnologia na sua vida íntima. Um dos exemplos é o recurso à Realidade Virtual (RV). Dinorah Hernandez, realizadora e produtora da BaDoinkVR, destacou que a procura por este tipo de conteúdo está a aumentar de tal forma que a empresa em que trabalha antes gravava 4 cenas de pornografia em RV num determinado período de tempo e que agora esse número já subiu para 20 cenas no mesmo espaço temporal. Além disso, o próprio público está a mudar. De início, a BaDoinkVR focava-se em produzir conteúdos para homens heterossexuais – que preferem que o seu avatar não fale e interaja pouco com as atrizes – e agora começam a receber diversos pedidos de mulheres para produzirem cenas concebidas de raiz com o sexo feminino como público-alvo, onde há maior interação entre o avatar e a outra pessoa que participa na cena de pornografia.
Aliás, até há cada vez mais casais à procura de conteúdos que possam desfrutados a dois. E é aqui que Dinorah Hernandez deixa a sugestão para uma das formas de utilizar a RV: simular experiências de ‘ménage à trois’ sem ter de efetivamente juntar outra pessoa ao casal. Se a ideia lhe parece estranha, pense nela como uma forma de viver uma fantasia sem arranjar chatices com a pessoa com quem está numa relação.
E, olhando para o futuro, o que podemos esperar em termos de inovação tecnológica por parte da indústria do sexo e pornografia? Uma certeza é o crescimento daquilo que se chama teledildonics, que são, basicamente, brinquedos sexuais que podem ser controlados à distância e, desta forma, manter uma espécie de relação sexual com uma pessoa que está geograficamente distante. A outra grande tendência deverá ser a capacidade de tornar a RV ainda mais imersiva. Atualmente vive-se da audição e da visão, sendo que, em breve, deverá ser adicionado o sentido do toque. Quer isto dizer que, por exemplo, viremos a usar umas luvas concebidas para RV que são capazes de simular o toque em pele.
Se isto são apenas (fortes) probabilidades para o futuro, há uma certeza: a pornografia «está a tornar-se cada vez mais mainstream e está a ser consumida a um nível massivo, mesmo que as pessoas não o admitam», destacou Dinorah Hernandez. Prevê-se que esta indústria venha a valer 50 mil milhões de dólares em 2020, o que não espanta Stephanie Alys, que, em tom de brincadeira, afirma: «É uma indústria à prova de recessão.»