
Kai Pfaffenbach
Desde o início do 2015 até ao passado mês de fevereiro, já foram desencadeados 43 inquéritos-crime, devido a queixas de violência de taxistas sobre condutores que trabalham para a Uber na região do Porto. O número foi avançado por Rob van der Woude, diretor da Uber para o mercado Europeu, numa missiva enviada, em jeito de alerta, para Joana Marques Vidal, Procuradora Geral da República.
Segundo o Jornal de Notícias, que teve acesso à carta, van der Woude denuncia uma «escada de violência de motoristas de táxi para com motoristas ligados à plataforma Uber e, por vezes, também para com utilizadores». O responsável da Uber diz que as 43 queixas decorrem de casos de violência premeditados que terão ocorrido nalgumas das artérias e praças mais movimentadas da Invicta. Em Lisboa, o número de queixas será inferior – e o responsável da Uber lembra mesmo que, em janeiro, foram registados 10 casos no Porto para apenas um em Lisboa.
Rob van der Woude, que gere a Uber a partir de Amesterdão, relaciona este diferencial com uma «articulação eficiente entre o DIAP de Lisboa e a Polícia de Segurança Pública» na capital.
O Jornal de Notícias revela ainda um outro número descritivo do atual braço de ferro entre taxistas e motoristas que recolhem passageiros através da Uber: apesar das queixas apresentadas nas autoridades, apenas um dos condutores terá confirmado junto da PSP que trabalhava com a plataforma Uber. Em todas as outras queixas, as vítimas da violência dos taxistas identificam-se como condutores que trabalham para empresas de turismo, com quem mantêm uma relação laboral, apesar de recolherem pedidos efetuados através da app Uber.
Os representantes das centrais de táxis reagem à carta da Uber acusando de ilegalidade aquela que é uma das startups mais valiosas do mundo: «As autoridades estão a tratar de forma desigual os industriais e os profissionais do táxi. Um dia ainda vai acontecer uma tragédia porque as autoridades estão a falhar na fiscalização e isso gera revolta. Os tribunais e o Instituto da Mobilidade dizem que há ilegalidade mas eles continuam. É a técnica do dumping», refere, José Monteiro, vice-presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL).