Manuel António Assunção, reitor da Universidade de Aveiro, aproveitou a participação no primeiro painel da Conferência O Melhor do Portugal Tecnológico, para fazer um alerta à comunidade e aos decisores políticos: «não é possível cortar mais. A menos que deixemos de ter segurança ou água».
O reitor ilustrou as dificuldades causadas pela redução de 40% do orçamento da Universidade de Aveiro nos últimos três anos com os desafios criados pela manutenção das infraestruturas: «A Universidade de Aveiro precisa de dois milhões de euros para a manutenção, mas só tem 600 mil euros. E por isso já começa a chover no Pavilhão Gimnodesportivo e há salas de aulas onde já pinga».
Arlindo Oliveira, presidente do Técnico que participou no mesmo painel, também deixou uma alfinetada ao Governo: «se um aluno me desse este guião da reforma do Estado, eu devolvia-o».
O líder do Técnico considerou que o Guião apresentado recentemente pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas está ao nível de um trabalho de estudante «feito numa noitada», que terá mesmo «erros gramaticais».
No que toca a cortes orçamentais, Arlindo Oliveira diz que, no Técnico, já foi ponderada a possibilidade de viver sem os 40% de verbas provenientes do Estado. Mas logo recorda que, para isso, é necessário que as universidades tenham autonomia para gerir as suas verbas. «A falta de dinheiro é um dos problemas», mas Arlindo de Oliveira sublinha que «é preciso que as universidades tenham autonomia» para gerir os respetivos orçamentos.
José Tribolet, presidente do INESC, apontou um caminho que chegou a ser aflorado nos anos 1992/93, pelo Livro Branco do Sistema de Ensino Superior e Universitário: a constituição de um Instituto de Gestão Financeira para o Ensino Superior que teria como objetivo gerir fundos de universidades e politécnicos e investir nas oportunidades financiamento que consideradas mais adequadas. «Se nos dessem mais dinheiro, não faríamos melhor. Porque o nosso problema é um estado mental», atesta José Tribolet.
Fernando Santana, diretor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, sublinha a importância de «saber para onde se quer ir». O líder da faculdade lisboeta recordou que, antes do atual Governo, foram feitos investimentos na renovação das escolas secundárias, mas no ensino superior foi «zero», sendo que nos anos seguintes vieram «os cortes no orçamento».