
Na primeira aparição pública no Fórum de Gestão da Internet Europeu (EuroDIG), o líder da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) reiterou: «Os governos têm os seus papéis, mas nenhum governo ou organismo estatal deve assumir o poder de gerir a Internet».
Numa resposta implícita às pretensões da Organização Internacional das Telecomunicações (ITU, dependente da ONU) e às vozes que receiam os casos de espionagem protagonizados pelo Governo dos EUA, Fadi Chehadé reivindicou a independência da Internet face ao poder político: «A velocidade da Internet é muito superior à dos reguladores. O modelo de desenvolvimento da Internet é horizontal. Os Governos e organizações internacionais funcionam num modelo vertical (em que o poder é exercido de cima para baixo)».
O responsável da ICANN recorda dois casos recentes em que a partilha de poder foi bem sucedida: Dois dias antes do EuroDig que se está a realizar em Lisboa, um cibercriminoso tentou atacar uma infraestrutura que reúne 800 milhões de nós; um dia depois foi a vez de um site de grande dimensão sofrer um ataque. «Em ambos os casos, um minuto depois estávamos a conferenciar com especialistas, governos e entidades visadas pelos ataques a fim de encontrar formas de colaboração».
Fadi Chehadé não está disposto a abrir mão do atual modelo de gestão, que tem por base a repartição de poder e a representação da sociedade civil, mas admite que algumas alterações possam surgir em breve: «É verdade que o que funcionou bem nos últimos 15 anos pode não funcionar bem no futuro».
Os casos de espionagem de estado, que voltaram para a linha da frente com o Programa Prism, e também as diferentes formas de encarar a liberdade e a privacidade na Internet levam o responsável da ICANN a admitir uma novidade para breve: «Estamos dispostos a trabalhar numa declaração de direitos da Internet».