O processo agora iniciado poderá por um ponto final no percurso da fabricante de câmaras fotográficas que começou a operar em 1880. Em causa está a cobrança de mais de 6,8 mil milhões de dólares (mais de 5,2 mil milhões de euros) – um valor que resulta dos prejuízos que a Eastman Koadak registou nos últimos seis anos. A companhia detém atualmente bens avaliados em 5,1 mil milhões de dólares (cerca de 3,9 mil milhões de euros).
Apesar da situação de insolvência, os líderes da companhia não deitam a toalha ao chão. De acordo com a Bloomberg, O Citigroup, um dos credores da marca lendária, aceitou fazer um empréstimo de 950 milhões de dólares (ainda sujeito a autorização do gestor judicial que venha a ser anunciado).
A marca deverá aproveitar ainda a declaração de insolvência para proceder à venda de mais de 1100 patentes relacionadas com a imagem digital. «A Kodak está a dar um passo importante para levar a cabo a sua transformação», sublinhou num comunicado Antonio M. Perez, o executivo espanhol que assumiu a liderança da marca em 2005, quando o declínio se tornou notório perante a ascensão de companhias como a Nikon e a Canon, que engordavam a tesouraria com uma invasão de máquinas fotográficas digitais.
Apesar de confirmar que a transformação já tinha um atraso de cinco anos, Perez ainda tentou rumar contra a maré: começou por cortar custos e a companhia passou de 63.900 profissionais, em 2003, para um total de 17.000 no início de 2012. Reforçou a aposta no segmento de impressoras e chegou mesmo a prever um regresso aos lucros para 2013.
Só que, nas câmaras, a ligação umbilical à película que tanto dinheiro deu a ganhar no passado acabou por revelar-se fatal – e só mesmo em 2009 a marca desmantelou a unidade dos “filmes”, quando era por de mais evidente que o mundo não queria voltar à era analógica.
Perez estima que a mudança da Kodak começou com cinco anos de atraso, mas a história da fotografia dá indícios de que o atraso pode ter sido bem maior: a primeira câmara digital foi criada por Steven Sasson, um investigador da Kodak. Este marco que hoje consta em qualquer enciclopédia foi rapidamente “abafado” pela própria companhia que preferiu não arriscar numa tecnologia capaz de destruir o portentoso mercado dos rolos de fotografias.