Tardou, mas chegou. A partir das 17h desta segunda-feira, o Google Stadia passa a marcar oficialmente presença em Portugal. O nosso território junta-se assim a Áustria, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia, Eslováquia e Suíça como a nova ‘fornada’ de países que recebem o serviço de streaming de jogos – a nível global, está agora disponível em 22 mercados. Os responsáveis da Google referem que a ligação à infraestrutura do centro de dados arranca às 17h de dia 7 e que pode levar cerca de 24 horas até estar a funcionar na plenitude.
Esta ligação do Stadia diretamente aos data centers da Google assegura, segundo a empresa, uma maior segurança e menor latência, já que se cortam intermediários. Na apresentação online do Stadia a que a Exame Informática assistiu, os responsáveis da tecnológica explicaram que a infraestrutura utilizada é a mesmo a que recorrem, por exemplo, as pesquisas no Google ou a visualização de vídeos no YouTube. Para os executivos, o Stadia pretende quebrar as barreiras do gaming tradicional e democratizar os jogos ao permitir que se jogue sem ser necessário um hardware específico. É que o Stadia funciona de forma similar a um Netflix ou Disney+, permitindo jogar no ecrã que já se tem – smartphone, tablet, computador ou até TV (através de Chromecast) –, já que o poder computacional fica do lado dos centros de dados da Google.
Diz-me a velocidade da tua net, dir-te-ei como podes jogar
Além do ecrã, é necessário ter uma ligação à Internet para conseguir utilizar o Stadia. E a velocidade tem impacto direto na qualidade do jogo. De acordo com a Google, o mínimo recomendado é de 10 Mbps, que permite jogar a 720p, 60 fotogramas por segundo (fps) e som estéreo. 20 Mbps possibilita jogar a 1080p, HDR, 60 fps e surround 5.1. Já os 35 Mbps dão para 4K, HDR, 60 fps e surround 5.1. Os jogos fazem esta verificação antes de arrancarem, mas é possível visitar o site projectstream.google.com/speedtest para verificar de antemão a velocidade que tem disponível.
Saliente-se, contudo, que a possibilidade de jogar em 4K apenas está disponível para subscritores do Stadia Pro. Este é um serviço que custa €9,99 por mês e que dá acesso a uma série de jogos – por exemplo, Hitman 2 e Sniper Elite 4 – e a descontos noutros. Nesta fase de lançamento, a Google está a oferecer um mês de subscrição gratuita do Stadia Pro. É necessário fazer o registo e associar um cartão de crédito, mas não será cobrada nenhuma verba durante esses 30 dias e é possível cancelar em qualquer momento.
Se não desejar subscrever a versão Pro, pode utilizar na mesma o Stadia: ou comprando jogos de forma individual – Assassin’s Creed Valhalla a €69,99, NBA2K21 e Shekiro: Shadows Die Twice a €59,99, Watch Dogs: Legion a €44,79 e Marvel’s Avengers a €34,99, para citar apenas alguns exemplos; ou tirando proveito dos que são gratuitos, como Destiny 2.
A Google refere que estão disponíveis mais de 80 títulos para Portugal. E mais estão a caminho, como Far Cry 6. A empresa também assume um compromisso para o futuro, revelando que terá exclusivos e que serviços como Ubisoft+ e EA Play virão a ser disponibilizados. Além disso, a Bethesda, recentemente adquirida pela Xbox (ou a Microsoft, se quisermos ser tecnicamente mais exatos), continuará a ser parceira da plataforma.
Primeiros dias de teste
O comando oficial do Stadia não será colocado à venda em Portugal, mas é possível usar os da PlayStation ou Xbox por USB ou Bluetooth. Algo que nos parece essencial, já que tentar jogar títulos AAA com os botões virtuais de um smartphone normal se revelou uma tarefa complicada.
Ficámos bem impressionados com a qualidade do serviço nos dias que tivemos oportunidade de o testar. Jogar Hitman num smartphone com dois anos ou num portátil bem mais antigo e sem gráfica dedicada foi uma experiência agradável, uma vez que a Google cumpriu o prometido: latência reduzida e bons gráficos.
Há com certeza muito para melhorar e isso sente-se na própria interface gráfica do Stadia, que precisa de ser mais ‘user friendly’. E um serviço da Google que não tem um campo de pesquisa é… estranho.
Mas, acima de tudo, parece-nos que este é um serviço cujo sucesso futuro está dependente das parcerias que irá manter e angariar nos próximos tempos. Por exemplo, se conseguirem convencer as produtoras de que quando o utilizador compra um título no Steam também o poderá jogar no Stadia. E parece-nos ideal para os fãs de jogos que, por motivos pessoais ou profissionais, se deslocam com frequência e não podem levar a consola ou PC de jogos consigo. Resta aguardar as cenas dos próximos capítulos para ver como o Stadia se diferencia de um PlayStation Now ou xCloud.