Para perceber as novas funcionalidades que vão chegar ao Google é preciso, primeiro, fazer uma pequena viagem no tempo. Em 2017, a Google anunciou a aplicação Lens, um motor de busca visual que permite pesquisar várias informações através da captação de uma fotografia. Apesar das várias funcionalidades e do sistema avançado de reconhecimento visual da aplicação, a utilização só disparou quando a Google integrou um pequeno ícone do Lens diretamente na caixa do motor de busca principal. Atualmente, o Lens é utilizado oito mil milhões de vezes por mês.
Agora a Google quer trazer mais funcionalidades de pesquisa avançada para o motor de busca. Na versão para dispositivos móveis (primeiro para iOS, mais tarde para Android), por baixo da caixa de pesquisa, a Google vai passar a mostrar outras formas interativas de pesquisa que os utilizadores já têm, neste momento, à sua disposição, mas que nem sempre são fáceis de encontrar e vão passar a ter um maior destaque – por exemplo, cantarolar para encontrar uma música, usar o Lens para resolver um cálculo ou entrar imediatamente no modo de tradução.
“É sobre tornar [o Google] mais intuitivo, para que as pessoas não percam tempo a saber como devem procurar”, disse Rajan Patel, vice-presidente de engenharia do motor de busca da tecnológica norte-americana, numa apresentação antecipada aos jornalistas e na qual a Exame Informática participou.
Outra novidade que reforça esta tendência são as sugestões que o Google vai passar a mostrar quando os utilizadores fizerem uma pergunta no motor de busca. Por baixo da caixa de pesquisa, a tecnológica vai começar a mostrar palavras-chave relacionadas com essa pesquisa. Caso o utilizador selecione uma das palavras-chave, vai tornar a pesquisa mais específica, mais aprofundada naquele tópico. Na prática, quantas mais palavras-chave selecionar, mais refinada (e eficaz, em teoria) vai ficar a pesquisa.
“A forma como as pessoas pesquisam e pedem informação nunca foi suposto ficar constrangido a uma caixa de pesquisa. Queremos que possam pesquisar da forma que lhes é mais natural”, comentou ainda o executivo da empresa.
A Google vai também começar a explorar novos formatos para mostrar os resultados das pesquisas. Por exemplo, em pesquisas relacionadas com turismo e viagens, a tecnológica vai apostar mais em conteúdos multimédia, com maior destaque e melhor posicionamento para imagens, relegando o texto (que até aqui domina tipicamente os resultados das pesquisas) para segundo plano.
Mas a fusão de diferentes tipologias de pesquisa – ou seja, usar texto, imagem ou som numa única pesquisa –, algo que a tecnológica chama de pesquisa multimodal (multi search no original em inglês), é uma tendência que veio para ficar. Até ao final do ano a Google vai lançar a funcionalidade ‘multi search’ em português, que permite fazer uma pesquisa de correspondência através de uma imagem, podendo depois o utilizador refinar essa pesquisa adicionando texto.
No exemplo dado pela Google, os utilizadores podem usar a pesquisa visual para encontrar um produto que viram nas redes sociais, mas depois acrescentar, em texto, outra cor, para que lhe sejam mostradas imagens do produto na cor pretendida pelo utilizador. Ou então procurar um produto totalmente diferente, mas com o mesmo padrão visual.
Google Maps mais visual
Além das novidades para o motor de busca, a Google anunciou novas funcionalidades para o Google Maps. A ‘atmosfera da vizinhança’ (neighborhood vibe, no original em inglês) permite ao utilizador saber quais são os locais mais populares de um determinado bairro. Segundo Miriam Danielle, vice-presidente do serviço de mapas do Google, os resultados têm por base os contributos feitos pelos utilizadores no próprio Google Maps (cerca de 20 milhões por dia), que são ‘refinados’ através de um algoritmo de Inteligência Artificial. Assim, quando se desloca a uma zona específica de uma cidade, pode saber quais são os pontos mais relevantes para os locais e visitantes daquele sítio.
A Google vai ainda lançar um modo de visualização imersiva, que combina informações do Google Maps e do Google Street View para permitir ao utilizador visitar virtualmente um local antes da viagem acontecer – carregando num ponto de interesse, se estiver disponível um mapa interior desse local, o utilizador poderá percorrer o exterior do edifício e o interior de uma assentada.
Já numa perspetiva de comércio eletrónico, a Google vai começar a mostrar modelos tridimensionais de sapatilhas no motor de busca e vai também criar guias de compra para produtos, que vão agregar informações de diferentes fontes para ajudar o utilizador a decidir, por tópicos, qual o produto mais indicado para si.
A maioria destas novidades ficará disponível em primeiro lugar, como já é habitual, em inglês e nos EUA. A Google tenciona depois fazer chegar as novas funcionalidades a mais mercados, incluindo os europeus, no decorrer de 2023.