As 24 palavras que definem 2021 foram anunciadas esta quarta-feira (15), no website oanoempalavras.pt, e muitas delas continuam estar, diretamente ou indiretamente, relacionadas com a pandemia da covid-19, como “(as)síncrona”, “comorbilidade”, “obscurantismo” ou “ómicron”. A mais pesquisada é, no entanto, a palavra “genocida”, motivada por protestos contra o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Também outras palavras como “elegível” ou “chumbo”, relacionadas com determinados momentos políticos, “glaciar” ou “erupção”, devido a catástrofes naturais, e “capitólio” ou “talibã”, em representação de momentos de crise, foram pesquisadas em massa.
Pelo quinto ano consecutivo, esta é uma iniciativa que resulta de uma parceria com a Agência Lusa, que escolhe as 24 palavras, de cerca de 200, que estiveram em maior destaque ao longo do ano no Dicionário Priberam. O site integra conteúdos dos repórteres fotográficos e dos jornalistas da Lusa, dando contexto às palavras e estruturando-as cronologicamente.
Estas são as 24 palavras – duas por mês – mais pesquisadas no ano de 2021:
- Janeiro: “aneurisma”, relacionada com a morte de Carlos do Carmo; e “capitólio”, na sequência da invasão do capitólio nos Estados Unidos da América, pelos apoiantes de Donald Trump
- Fevereiro: “(as)síncrona”, pelo recomeço das aulas à distância, síncronas e assíncronas, durante o confinamento; e “glaciar”, devido ao colapso de um glaciar nos Himalaias, que resultou em vários mortos e desaparecidos
- Março: “elegível”, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva voltou a ser elegível; e “tanatório”, dado que a cerimónia fúnebre de Alfredo Quintana se realizou no tanatório de Matosinhos
- Abril: “consorte”, pelo falecimento de Filipe, o príncipe consorte da Rainha Isabel II; e “mercadejar”, já que o despacho de Ivo Rosa referia indícios de que José Sócrates teria mercadejado o seu cargo
- Maio: “chacina”, devido à operação policial numa favela do Rio de Janeiro ter sido considerada uma chacina; e “leões”, no seguimento da conquista do campeonato português de futebol pelo Sporting após 19 anos
- Junho: “emaciado”, pelo comentário sobre o aspeto emaciado de Kim Jong-un pela TV pública da Coreia do Norte; e “genocida”, pela manifestação contra Jair Bolsonaro com gritos como “Fora, Genocida”
- Julho: “comorbilidade”, já que a DGS aprovou a vacinação de crianças entre os 11 e os 15 anos com comorbilidades; e “olimpíada”, pelos jogos de Tóquio 2020, a XXXII olimpíada da era moderna
- Agosto: “obscurantismo”, dado que o coordenador do plano de vacinação reagiu a insultos de manifestantes antivacinas dizendo que “o obscurantismo no século XXI continua”; e “talibã”, os talibãs retomaram o controlo de Cabul
- Setembro: “câmara-ardente”, dado que o corpo de Jorge Sampaio foi velado em câmara-ardente; e “erupção”, devido ao vulcão nas Canárias
- Outubro: “chumbo”, pelo chumbo na AR da proposta de orçamento de estado para 2022; e “meta”, quando a empresa Facebook passou a chamar-se Meta
- Novembro: “descarbonização”, devido à possibilidade de o aumento dos custos da energia adiarem os investimentos em descarbonização; e “miríade”, a Operação Miríade investiga suspeita de tráfico de droga, ouro e diamantes por militares portugueses
- Dezembro: “ómicron”, a nova variante do coronavírus; e “extradição”, já que Portugal pede à África do Sul a extradição do ex-banqueiro João Rendeiro
Também a “marquise” de Cristiano Ronaldo, o fim da “geringonça” em Portugal, “calceteiro”, “demagogia” e “persecutória”, devido ao debate das eleições presidenciais, “contumaz”, “indulto” e “sibilino”, pelo caso de João Rendeiro, “offshore”, pela Pandora papers, “pansexual”, pela declaração da cantora Demi Lovato, “prequela”, a aldeia de Monsanto escolhida para as filmagens da série Game of Thrones ou “resiliência” se destacaram.
Em comparação com o ano passado, o Dicionário Priberam teve um crescimento em utilizadores de cerca de 10%, o que corresponde a mais de 4 milhões de novos utilizadores. Além disso, manteve-se entre os 20 sites portugueses incluídos no ranking netScope da MediaMonitor, tendo chegado à 2.ª posição em termos de reach nos acessos a partir de computadores. O CEO da Priberam, Carlos Amaral, disse em comunicado que “este projeto tornou‑se já uma tradição de final de ano, uma vez que ‘O Ano Em Palavras’ – mais do que qualquer termo isolado – ajuda a compreender o que foram os 12 meses anteriores, definido pelos eventos que mais marcaram os utilizadores do nosso dicionário”.