Os portugueses passaram a despender mais tempo em casa – e o tráfego das comunicações eletrónicas não tardou a refletir essa mudança de hábitos, informa o balanço mais recente da Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom): nas rede fixas, os primeiros meses de 2020 revelam um aumento de 94% nas comunicações por voz e de 54% nas comunicações de dados efetuadas por Meo, Nos e Vodafone. Nas redes móveis, registou-se, no mesmo período e nos mesmos operadores, um aumento de 24% nas comunicações de dados e 41% das comunicações de voz.
Os números poderão não assumir maiores proporções estatísticas nos próximos meses. Os portugueses só entraram em fase de isolamento social a meio de março e a compilação de dados agora apresentados pela Anacom também contabiliza os meses de janeiro e fevereiro – e termina a 24 de março. A Anacom refere que não apurou qualquer congestionamento nas redes que tenha tido impacto significativo para os consumidores portugueses.
Com base nos números apurados, a entidade reguladora das comunicações estima que o tráfego de voz nas redes fixas e móveis cresceu 47%. Por seu turno, as comunicações por voz, que estavam em declínio desde 2013 na rede fixa, apresentaram um aumento de 52%.
“Acentuou-se igualmente o crescimento do tráfego de banda larga fixa (+53,7%), que estava em desaceleração (cresceu 29% em 2019). Estima-se assim que o tráfego médio por acesso fixo continue a aumentar (era de 131 GB/mês em 2019) e se afaste ainda mais do tráfego médio por acesso móvel (4 GB/mês em 2019), visto que o tráfego de dados móvel está a crescer a taxas inferiores ao tráfego fixo”, refere a Anacom, em comunicado.
A entidade reguladora refere que os padrões de uso das redes de telecomunicações não registaram grandes alterações ao longo do dia, e recorda que os operadores anunciaram recentemente a intenção de reforçar as redes para garantir que o crescendo do número de pessoas confinadas em casa não afetava a operacionalidade.
Pelo menos até à data, não há registo de congestionamento ou falhas nas redes de telecomunicações nacionais, que mereçam menção por parte da entidade reguladora. “Nos reportes efetuados pelos operadores não foram, até agora, referidas situações de congestionamentos relevantes, e a Anacom não tem registo de situações com impacto significativo junto dos utilizadores. Esta situação está em linha com o observado nos outros países da União Europeia, como foi sublinhado no comunicado conjunto do Organismo de Reguladores Europeus das Comunicações Eletrónicas (BEREC) e da Comissão Europeia (CE) emitido no passado dia 19 de março”.