São 14, 24 minutos. Correspondem a um por cento do tempo que demora a passar um dia. E são também o período máximo que uma transmissão de TV Digital Terrestre (TDT) pode somar num distrito com interferências ou falhas. Acima dos 14,24 minutos de falta de qualidade, a emissão distrital supera o índice de qualidade mínima exigido por lei e passa a ser sinalizada com uma “bola vermelha”. A partir de hoje, qualquer utilizador já pode descobrir no site da Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) a qualidade da emissão onde vive. À data da estreia, o mapa dava a conhecer nove pontos geográficos com emissões que apresentam falhas em mais de um por cento do tempo de um dia.
Quatro das “bolas vermelhas” estão situadas no Grande Porto ou nas respetivas imediações; três estão situadas no nordeste do País; e duas no Oeste. Em quase todos os outros pontos monitorizados pelas 314 sondas dispersas pelo território continental, dominam os círculos de cor verde, que ilustram os casos em que as emissões sofrem falhas/interferências que não superam os 14,24 minutos diários.
Como nos semáforos, a ferramenta de monitorização do sinal da TDT também conta com uma cor amarela, que tem por objetivo ilustrar situações em que houve dificuldades na receção do canal 56, mas não invalida a existência de outros canais alternativos na região que também são usados para emissões de TDT.
O mapa agora disponibilizado ao público revela o estado da emissão monitorizado até ao dia de véspera. Por enquanto, a ferramenta analisa apenas as transmissões efetuadas no canal 56.
A entidade reguladora admite expandir, no futuro, as medições para outros canais usados pela TDT. A TDT arrancou em Portugal com emissões num único canal (Single Frequency Network ou SFN). Mais tarde, na sequência de várias queixas apresentadas pelas populações de vários pontos do País, a Anacom decidiu exigir à PT a migração das transmissões para outros canais, passando para uma rede composta por diferentes frequências, que estão confinadas a determinadas regiões (Multiple Frequency Network ou MFN).
A Anacom admite que o mapa possa não refletir todas as situações em que as emissões de TDT chegam a casa dos consumidores com falta de qualidade. E apresenta três situações mais comuns para uma casa ter uma captação de sinal deficiente, apesar de estar situada numa região situada com uma “bola verde”: 1) a casa poderá não estar no raio de ação das sondas que monitorizam a qualidade das emissões; 2) a casa pode estar numa zona de satélite; 3) eventualmente, a falta de qualidade do sinal pode dever-se a uma qualquer falha na antena, na box ou em qualquer outro componente usado na instalação de TDT doméstica.
A Anacom disponibiliza ainda um número de telefone (800 200 838) para os consumidores tirarem dúvidas sobre a qualidade das emissões ou sobre a rede de sondas que foram instaladas com o propósito de recolha de informação mais precisa sobre a rede da TDT.
A rede de sondas começou a ser implementada no final de 2013 como mecanismo que permite confrontar o operador que garantiu a concessão das transmissões (a PT) com dados sobre a qualidade da TDT. As sondas têm por base tecnologia desenvolvida por duas empresas portuguesas. A rede de monitorização teve um custo de 447 mil euros. Até à data, a informação recolhida pelas sondas era apenas para “uso” interno da Anacom. A partir de hoje, esses dados ficam disponíveis para o público.