
Bruno Carlos, diretor-geral da Flesk Telecom, confirma que o PT.VU esteve parcialmente inoperacional durante quatro dias. A inoperacionalidade do serviço, que permite registar endereços gratuitamente, afetou um total de 100 mil sites – sendo que 80% são geridos por portugueses.
O líder da empresa que detém o serviço de registo e alojamento de endereços alega que o PT.VU terá sido «automaticamente bloqueado» por alguns operadores de telecomunicações que operam em Portugal, «devido a ataques DDoS (sigla em inglês de Distributed Denial of Service, que provoca o congestionamento de sites e servidores)» que terão sido lançados contra sites alojados no serviço. Segundo Bruno Carlos, apenas alguns operadores terão procedido ao bloqueio do serviço. O que terá permitido que os clientes de alguns operadores acedessem aos diferentes sites alojados no PT.VU, enquanto os clientes de outros operadores, alegadamente, não o conseguiriam fazer.
Por que é um operador bloqueia um serviço de alojamento de sites que é vítima de ataques de DDoS, quando tudo levaria a crer que o bloqueio deveria incidir sobre endereços que lançam os ataques? Bruno Carlos responde da seguinte forma: «a preocupação primária dos operadores é proteger os clientes deles e não os do serviço PT.TV, pois um ataque DDoS, mesmo direcionado ao nosso serviço, afeta todas as redes que chegam até nós. No processo, os operadores acabam por proteger também os nossos clientes».
A Flesk Telecom não refere que operadores bloquearam o serviço, mas admite que procedeu a contactos com o objetivo de desbloquear sites alojados no PT.VU.
A Exame Informática conseguiu confirmar que o serviço estava disponível para clientes da Zon, enquanto na PT se manteve indisponível. Este pequeno teste foi levado a cabo durante a manhã de hoje – e, pouco antes da hora de almoço, o serviço estava operacional tanto na Zon como na PT.
O PT.VU terá estado parcialmente inoperacional desde 1 de julho.
«Dada a natureza do serviço, o PT-VU é frequentemente aproveitado para ser utilizado de forma abusiva, sendo que os utilizadores utilizam-no em alguns casos para apontar para malware, conteúdos ilegais, etc.», explica Bruno Carlos, lembrando que, recentemente, a rede No-IP foi alvo de uma ação de desmantelamento da Microsoft pelos mesmos motivos.
O serviço PT.VU dispoonibiliza endereços sob os domínios de topo da Ilha Vanuatu (que deu nome), bem como das Ilhas São Vicente e Granadinas e de Timor-Leste entre outros. Nos últimos 10 anos, serviço cresceu com base em dois vetores: 1) a gratuitidade do registo de subdomínios; e 2) o facto de o registo de endereços no domínio de topo de Portugal (.pt) ter estado sujeito a regras restritivas, até à liberalização operada pela então Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) em maio de 2012.
Tendo em conta que a liberalização tornou mais fácil o registo de endereços, a Flesk Telecom pretende «relançar durante os próximos meses o PT.VU, deixando de ser um ser um serviço grátis de reencaminhamentos e passando a ser um serviço de registo de subdomínios com direito a construtor de websites, e-mail, página Facebook, entre outras funcionalidades», acrescenta Bruno Carlos.
A Flesk Telecom prevê ainda passar a aplicar filtros que verificam se os endereços alojados contêm malware.
«Todos os registos atuais continuarão a funcionar de forma gratuita sendo que os utilizadores poderão optar para migrar para o novo serviço pago com todas as funcionalidades e vantagens inerentes», acrescenta o líder da Flesk Telecom.