A Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) tem vindo a recolher centenas de milhões de endereços que figuram nas listas de contactos de serviços de e-mail e mensagens instantâneas. Em 2012, os sistemas usados pela NSA terão conseguido recolher mais de 250 milhões de endereços dos repositórios pessoais que são usados por internautas de todo o mundo.
A revelação acaba de ser feita pelo The Washington Post e, mais uma vez, teve por origem uma fuga de informação promovida pelo ex-operacional da NSA Edward Snowden.
Através de um powerpoint desviado do circuito das autoridades norte-americanas, o ex-operacional da NSA, que se encontra exilado na Rússia, dá a conhecer o pecúlio alcançado num único dia de funcionamento dos sistemas que espiam, de forma massiva, as listas de contactos de serviços de mensagens instantâneas e e-mail: 444.743 endereços de e-mail no Yahoo, 105.068 no Hotmail; 82.857 no Facebook, 33.697 no Gmail, e 22.881 endereços de serviços não especificados.
O acesso a estes endereços só é possível devido a acordos com operadores de telecomunicações e serviços de espionagem de vários pontos do mundo. A maioria dos espiados não vive nos EUA – mas o The Washington Post revela que dezenas de milhões de endereços de cidadãos norte-americanos possam ter sido mais recolhidos. O que, tendo em conta a legislação norte-americana, poderá introduzir uma alteração na forma como as autoridades norte-americanas e a sociedade civil têm vindo a debater os programas de ciberespionagem de agências de espionagem como NSA ou CIA.
Talvez para menorizar o efeito que as mais recentes revelação podem ter na opinião pública, a NSA não tardou a comentar o assunto: segundo a conhecida agência, os sistemas como o que capta os endereços de e-mail e mensagens instantâneas têm por único objetivo servir de suporte a atividades de espionagem que permitam identificar terroristas e suspeitos de pelo tráfico de pessoas e de drogas. «Não estamos interessados em dados pessoais de americanos normais», garante Shawn Turner, porta-voz da NSA.
Nos bastidores, há quem recorde que o acesso às listas de contactos pode ser mais valioso, do ponto de vista de um operacional de espionagem, que a captação dos registos de chamadas telefónicas (revelado em Junho). E isto porque na lista de contactos dos serviços de e-mail costumam figurar dados reveladores como os números de telefone ou as moradas dos remententes dos endereços de e-mail.