Patrick Paumen descreve-se como um biohacker e tem já 32 implantes no organismo. Um deles, um microchip colocado na mão, permite-lhe pagar contas em terminais de pagamento que aceitem pagamentos sem contacto e, de cada vez que o faz, diverte-se com o olhar incrédulo de quem está à sua volta. “A tecnologia continua a evoluir, por isso continuo a colecioná-los [aos implantes]. Os meus implantes aumentam o meu corpo. Não quereria viver sem eles”, descreve Paumen à BBC.
A empresa britânica-polaca Walletmor conseguiu ser a primeira a ter autorização para implantar chips de pagamento no organismo humano, com o fundador Wojtek Paprota a explicar que a solução pode ser “usada onde quer que os pagamentos sem contacto sejam aceites”. O chip da empresa pesa menos de um grama, é um pouco maior que um bago de arroz e é composto por microchip e antena integrados num biopolímero, um material de origem natural e que se assemelha ao plástico. Desde que obteve a autorização no ano passado, a empresa já vendeu mais de 500 destes chips. Os chips mantêm-se no local e não requerem qualquer bateria ou fonte de alimentação.
A solução da Walletmor usa NFC, a mesma que potencia os pagamentos através dos smartphones. Já nos cartões físicos, a escolha mais convencional é pelo RFID, que também já pode ser encontrada noutras opções de chips que se implantam no corpo.
Steven Northam, fundador da britânica BioTeq, explica que os implantes já são usados há algum tempo para outros fins, lembrando que a empresa já fez mais de 500 implantes no Reino Unido e que “recebemos pedidos de informação todos os dias. A tecnologia já é usada nos animais há anos. São objetos muito pequenos, inertes. Não há riscos”. As soluções da BioTeq passam por ajudar, por exemplo, pessoas com mobilidade reduzida a abrir automaticamente portas, noticia a BBC.
Uma sondagem de 2021 revela que 51% dos quatro mil inquiridos aceitariam a ideia de ter um chip implantado no corpo, embora a preocupação com a invasão e com a segurança ainda estejam presentes. Theodora Lau, especialista em fintech, considera que os chips implantados são “uma extensão da Internet das Coisas”, na medida em que proporcionam uma nova forma de conexão e de troca de dados. No entanto, a autora recorda ainda algumas perguntas importantes como “quanto é que estamos dispostos a pagar pela conveniência?” ou “onde desenhamos a fronteira no que toca a privacidade e segurança? Quem vai proteger a infraestrutura crítica e os humanos que são parte dela?”.