Um lago em Vermont, EUA, esteve nas manchetes em fevereiro de 2019 por ter sido o local onde foi encontrada a carcaça queimada de um Tesla Model X. Na altura, aventou-se a possibilidade de o condutor ter embatido numa rocha e a colisão ter provocado danos na bateria, que acabaram por resultar num incêndio que consumiu o veículo. Sabe-se agora que toda esta hipótese foi uma farsa criada para cobrir um esquema de roubo à Tesla.
O esquema ardiloso
Michael A. Gonzalez é o principal suspeito acusado agora pelas autoridades públicas de roubo de carros Tesla avaliados em mais de 600 mil dólares e de uma cadeira de baloiço de 1200 dólares. Gonzalez tira partido do funcionamento do processo online para reserva e pagamento de sinal quando se pretende comprar um carro Tesla.
Nos EUA, os clientes interessados em ter um Tesla pagam 2500 dólares de sinal e depois fornecem os detalhes bancários para a transferência do valor remanescente. Depois do pagamento do sinal, e antes da transferência final, o cliente pode dirigir-se à loja para receber o veículo e o Certificado de Origem do fabricante que lhe permite passar o carro para seu nome nas autoridades.
Gonzalez tirou partido do facto de que os Tesla podem ser recebidos e passados para seu nome, mesmo sem que o pagamento tenha sido feito na totalidade. Assim, o indivíduo começou em setembro de 2018 com um Model 3, avaliado em 58 mil dólares. Em outubro, enviou um email à Tesla a confirmar ter recebido o carro e, em novembro, foi contactado pela fabricante que não estava a conseguir fazer a cobrança do valor remanescente. Em dezembro, Gonzalez vende o carro a um concessionário. Vendo que conseguia explorar esta lacuna, repetiu o processo mais quatro vezes, com modelos mais caros e usando dados de familiares e amigos, acabando por vender os carros antes que a Tesla lhe conseguisse cobrar o valor total, explica o Vice.
Três dos veículos foram vendidos (a um concessionário, através do Craigslist e através do eBay), o quarto acabou por ser recuperado pela Tesla por falta de pagamento e o quinto é o que foi encontrado queimado no lago gelado.
As motivações para queimar o carro ainda não são conhecidas, mas há suspeitas de que Gonzalez tenha tentado também encetar um esquema para ludibriar a seguradora. O arguido não terá recebido o certificado de origem, não tendo conseguido passar o carro para seu nome. Assim, terá tentado incendiar o veículo para receber uma indemnização da seguradora, ato falhado uma vez que não tinha o carro em seu nome.
Michael enfrenta agora pena de prisão que pode ir até aos dez anos por cada acusação.