Alex Masmej promete ser um nome que vai ficar para a história da blockchain. Num par de iniciativas que parece ter tanto de marketing pessoal como de inovação tecnológica, o francês de 23 anos protagonizou num curto período de tempo dois feitos dignos de registo: vendeu-se a si próprio através de uma oferta inicial de moedas digitais (ICO na sigla em inglês) e agora está à venda como modelo deepfake.
Tudo começou em abril, quando Alex Masmej diz ter criado o primeiro token que representa um ser humano – neste caso, ele próprio. Neste negócio em que vendeu uma parte da sua vida aos investidores, conseguiu angariar cerca de 20 mil dólares, cerca de 18 mil euros ao câmbio atual, através do token digital $ALEX, conta a publicação Decrypt.
Quem comprasse uma parte de Alex estaria, efetivamente, a comprar uma parte da vida do jovem francês: ele promete partilhar com os investidores uma parte do dinheiro que receber de salário durante os próximos três anos até um máximo de 100 mil dólares; quem for detentor de $ALEX pode votar em algumas decisões de vida que o jovem irá tomar ao longo dos próximos anos; e Alex Masmej também se compromete a publicitar nas redes sociais os seus investidores.
A venda da ‘vida digital’ de Alex Masmej atraiu um total de trinta investidores em cinco dias e o dinheiro angariado deverá servir para que o francês cumpra o sonho de mudar-se definitivamente para São Francisco, nos EUA. Se todos estes contornos já tornam esta história peculiar, o desenrolar dos acontecimentos não fica por aqui.
Recentemente, Alex Masmej tornou-se também num de três modelos deepfake que podem ser comprados no mercado Alethea AI. Esta empresa, que foi fundada por Arif Khan, pretende dar uma segunda vida às representações digitais, mas fidedignas, conhecidas como deepfakes. Ainda que para o criador da startup, o termo deepfake deve ser usado para definir utilizações maliciosas de criações sintéticas, que não é o intuito da plataforma que desenvolveu.
O que a Alethea AI permite é que uma pessoa ‘alugue’ uma versão digital de uma pessoa para dizer a mensagem que o comprador quiser. O aluguer de uma destas três personagens custa 99 dólares, cerca de 90 euros, com o dono da imagem, como Alex, a receber 75% de tudo o que o seu avatar faturar. “[Fiz isto] Para promover a imagem que construí em escala, sem custos”, disse o francês à publicação Decrypt sobre esta sua nova investida.
Já Arif Khan acredita que a Alethea AI, que também recorre à tecnologia da blockchain para manter um registo de autenticação das produções que são feitas com as personagens digitais que aluga, pode ganhar tração em tempos de pandemia. “Os conteúdos sintéticos não requerem que os humanos interajam fisicamente, o que é crucial durante a pandemia quando os estúdios de filmes não são capazes de produzir novos conteúdos por causa das restrições de quarentena”, disse à publicação Cointelegraph.