O estudo de Carmen Reinhardt e Kenneth Rogoff sobre o crescimento em tempos de dívida tem sido citado pela imprensa e políticos para justificar as medidas de austeridade um pouco por todo o mundo. Segundo este estudo, há uma ligação entre a reduzida capacidade de crescimento das nações em alturas de dívidas elevadas. Esta conclusão tem sido aplicada para justificar os cortes nas despesas e reduzir os orçamentos, na tentativa de reduzir a dívida. Há críticos que começam por apontar que existe a relação inversa, ou seja, o pouco crescimento que as nações enfrentam é que as obriga a contrair mais dívidas.
Agora, um estudo de Herndon, Ash e Pollin, na Universidade de Massachusetts conclui que a base em Excel usada por Reinhardt e Rogoff contém erros de fórmulas. Estes três investigadores pediram a folha de cálculo usada por Reinhardt e Rogoff e apontaram algumas falhas.
O erro mais flagrante é a calcular a média numa determinada coluna, referente a 20 países. No entanto, o cálculo foi feito apenas a 15 países, ficando de fora Dinamarca, Canadá, Bélgica, Áustria e Austrália, noticia o ArsTechnica.
Por outro lado, o estudo pró-austeridade deixa de fora o desenvolvimento de alguns países nos anos após a Segunda Guerra Mundial, sem apresentar qualquer justificação aparente. Ha ainda falhas no peso relativo que cada alínea tem na conclusão final. Por exemplo, 19 anos de crescimento forte no Reino Unido com dívidas elevadas têm tanto peso quanto um único ano de crescimento negativo na Nova Zelândia.
A tripla de investigadores fez agora os cálculos novamente e concluiu que há evidências mais fracas a justificar as medidas de austeridade que foram adotadas mundialmente. O crescimento em países com dívidas continua a ser menor do que em países com dívidas mais reduzidas. Os países com dívidas acima dos 90% apresentam um crescimento de 2,2%, ou seja, baixo, mas ainda assim superior ao -0.1% que o estudo de Reinhardt e Rogoff vaticinava.
Nem o estudo inicial, nem o estudo posterior foram alvo da revisão pelos seus pares, uma operação que poderá reduzir a probabilidade de aparecerem erros deste tipo.