Tanto a Xbox Series X como a PlayStation 5 já estão disponíveis no mercado português. Na Exame Informática nº 306, que chega às bancas nesta quinta-feira, 26 de novembro, fazemos um teste detalhado às duas novas consolas que vão ajudá-lo a escolher a que melhor se enquadra no seu perfil enquanto jogador.
Mas antes de avançar para a compra de uma ou de outra, existem elementos – além do desempenho propriamente dito – que de acordo com a experiência que temos tido, nestas últimas semanas, deve ter em consideração antes de fazer uma decisão de compra.
Afinal, não se trata apenas de investir num novo sistema de jogo – é igualmente importante garantir que vai conseguir extrair tudo o que há de bom na PlayStation 5 e na Xbox Series X. A saber:
O televisor é muito importante
É provavelmente o elemento mais crítico nesta geração de consolas. Sim, pode ligar uma PS5 ou uma XSX a um televisor Full HD, mas simplesmente não estará a tirar partido daquilo para o qual estas consolas foram realmente criadas: experiências de jogo mais definidas, mais fluídas e mais realistas. E mesmo que tenha um televisor Ultra HD (4K), isto não lhe garante tudo o que precisa para ‘desbloquear’ o verdadeiro potencial destas consolas.
O televisor deve ter entradas HDMI 2.1, para que possa ter acesso aos modos de jogos em 120 frames por segundo (fps) e a funcionalidades como o Variable Refresh Rate (VRR), que ajusta a resposta do televisor em função da taxa de atualização ‘em tempo real’ da consola. Em teoria, os televisores que têm portas HDMI 2.1 suportam taxas de atualização de 120 Hz, mas garanta que a TV é capaz de reproduzir esta taxa de atualização.
Garantir que a televisão tem um modo de baixa latência (pode ser apelidado de ALLM ou modo de jogo) também é importante, para que a experiência de jogo seja o mais rápida e instantânea possível.
Mas há mais. Estas consolas também são capazes, segundo as respetivas marcas, de executarem jogos em resolução 8K (apesar de atualmente não haver nenhum título nesta resolução). Os televisores 8K, apesar de ainda serem uma novidade no mercado e por isso mais caros, já podem ser comprados. E se quer mesmo ter um televisor que lhe garanta, incluindo no futuro, suporte para o que de melhor estas consolas vão entregar, então considere estes modelos, desde que garantam, igualmente, ligações HDMI 2.1 (é mesmo importante este elemento).
Em resumo, sim, pode jogar PS5 ou XSX na televisão que tem atualmente, mas se não tiver os elementos referidos em cima ou se simplesmente não tencionar ter um televisor o mais compatível possível nos próximos tempos, talvez o mais acertado é fazer um compasso de espera no investimento numa nova consola.
Não vai ter sempre as melhores definições
Muita da comunicação e marketing que se fez sobre as novas consolas foi em torno de capacidades técnicas como “4K”, “8K”, “120 fps”, “ray tracing”, “HDR” entre muitas outras palavras. O que precisa de ter em atenção é que, pelo menos para já, não vai ter direito a tudo isto num único modo na esmagadora maioria dos jogos. Ou seja, um jogo não vai executar em resolução 4K a 120 fps e com ray tracing ativado. Do que tem sido possível ver pelos primeiros exemplos disponíveis, os modos de alta taxa de atualização (120 fps) significam que não terá acesso ao ray tracing nesse modo de jogo. Há mesmo jogos que antes pedem ao utilizador para escolher entre o modo desempenho (mais fps) ou o modo visual (com maior detalhe gráfico, mas fps baixo baixos).
Opções limitadas de armazenamento
Tanto a PlayStation 5 como a Xbox Series X têm armazenamento SSD suficiente para uma média de mais de dez jogos (claro que este valor depende sempre dos jogos que instalar). Mas ‘encher’ o armazenamento destas consolas não é difícil, bem pelo contrário. O que levará os utilizadores a procurarem alternativas de expansão.
Atualmente, as opções de armazenamento externo são muito limitadas. No caso da Xbox Series X, existe um único SSD externo oficialmente compatível com a consola, de 1 TB, e que custa 249 euros. É possível ligar discos rígidos (HDD) à consola, mas apenas funcionará como modo de armazenamento de jogos, para jogá-los é necessário transferir o jogo para o SSD (exceto se forem jogos de gerações anteriores da consola).
Na PlayStation 5, o cenário é praticamente o mesmo: suporta HDD, mas para jogar jogos da PS5 só mesmo através do SSD interno da consola. O HDD serve sim para jogar títulos da PlayStation 4 que lá possa ter armazenados. Quanto a opções de expansão SSD, atualmente não existe nenhuma disponível no mercado, com a Sony a dizer que está a trabalhar para mudar esta situação o mais rápido possível.
Atenção às ‘edições digitais’ das consolas
Considera-se ‘edição digital’ todas as consolas que não têm leitor de discos e por isso só são capazes de reproduzir versões digitais de jogos.
A PlayStation 5 tem uma versão mais barata (€399) na qual não existe um leitor de discos, mas que possui exatamente o mesmo hardware. A Microsoft também tem uma outra consola mais acessível, a Series S (€299), mas que é graficamente inferior aos modelos topos de gama da Sony e da própria Microsoft – este modelo também não tem leitor de discos.
Ou seja, poderá poupar algum dinheiro ao investir nestas versões, mas é importante que tenha consciência de que nunca poderá ter acesso a jogos físicos. Isto pode ser acima de tudo relevante à medida que os anos vão passando e é possível encontrar à venda, em segunda mão, edições físicas muito baratas. E claro, também não terá acesso à reprodução de filmes em Blu-Ray.
Problemas nas primeiras unidades
É relativamente comum que as primeiras unidades das consolas possam ter algum defeito ou comportamento estranho que as empresas responsáveis não detetaram a tempo. Já há relatos de Xbox Series X com problemas no leitor de discos, enquanto do lado da PlayStation 5 há relatos problemas acima de tudo relacionados com software (problemas no download de jogos que obriga a um restauro de fábrica e em algumas unidades o Rest Mode faz com que a consola tenha um crash).
Se por um lado é importante que esteja consciente do que significa ser um ‘cliente de primeira vaga’, estes relatos não impedem por si só o investimento: só um pequeno número de consolas são afetadas por problemas numa fase inicial. Lembre-se: no mercado português estará protegido por uma garantia de dois anos, pelo que se tiver problemas, pode (e deve) recorrer aos seus direitos de consumidor para substituir ou reparar a consola (algo que varia em função de quando o problema apareceu relativamente à data de compra) caso se justifique.