Os testes clínicos ao Mavoglurant foram agora revelados pela Novartis e conclui-se que o tratamento pode ajudar a reduzir o uso de cocaína por parte de pessoas que estejam viciadas na droga. Numa amostra de 68 pessoas com o vício diagnosticado, concluiu-se que foi possível reduzir a tendência para consumir cocaína e álcool nos três meses seguintes à administração do tratamento. Numa altura em que o uso de estimulantes (cocaína e outras drogas semelhantes) está a registar uma subida, a descoberta de potenciais ‘armas’ contra o vício é uma notícia importante.
Atualmente, o tratamento disponível para quem abusa de substâncias estimulantes passa apenas por aconselhamento ou terapia comportamental, sem que haja qualquer medicação aprovada para reduzir as necessidades de cocaína que estas pessoas apresentam.
A Novartis começou a desenvolver a Mavoglurant para o tratamento de uma doença genética, mas não foi bem-sucedida para esse intuito. Sabendo-se que a droga bloqueia um recetor chamado mGluR5, que alguns estudos apontam como tendo um papel na regulação da resposta de recompensas a estimulantes no organismo, os investigadores ajustaram-na para funcionar como tratamento para adições em estimulantes, explica o Gizmodo.
Nos testes mais recentes, os pacientes tomaram um placebo ou o mavoglurant sob a forma de comprimido, duas vezes por dia, durante 98 dias. O uso de cocaína foi monitorizado por declarações dos próprios e por análises ao sangue e ao cabelo. Globalmente, concluiu-se que as pessoas que tomaram a droga reduziram o uso de cocaína e de álcool nos meses seguintes, quando comparado com quem tomou o placebo. Entre os efeitos secundários registados estão dores de cabeça, tonturas e náuseas.
O estudo foi publicado no Science Translation Medicine e a equipa pretende conduzir novos testes, com mais pessoas e com maior longevidade antes de poder propor a droga como um tratamento eficaz.