A startup americana Colossal Biosciences tem conduzido várias experiências genéticas relacionadas com mamutes e, em 2021, anunciou a intenção de trazer de novo à vida aquela espécie. No ano passado revelou progressos no entendimento dos genes dos mamutes, depois de ter estudado a genética do elefante asiático. Agora, a empresa anunciou a criação dos Woolly Mouse (rato lanudo) que, além de uma farta cobertura do corpo em pelo, têm sete genes dos mamutes.
“(…) Provámos a nossa capacidade em recrear combinações genéticas complexas que demoraram milhões de anos a ser formadas na Natureza. Este sucesso aproxima-nos do nosso objetivo que é trazer de volta o mamute lanudo”, descreveu Ben Lamm, o cofundador e diretor executivo (CEO) da Colossal Biosciences ao New Atlas.
A equipa analisou 121 genomas de mamute e de elefante para identificar os genes específicos que têm impacto no crescimento do pelo e de outros traços característicos para sobreviverem no clima frio. Com a ferramenta de edição genética CRISPR/Cas9, os cientistas editaram sete genes para influenciar o tamanho, cor, textura, espessura e outras características do pelo dos ratos de laboratório, além da camada de gordura que os ajuda a suportar melhor o clima frio. “O trabalho de futuro vai avaliar variantes específicas do mamute associadas com traços de adaptação ao frio” explica a empresa.
O professor Merlin Crossley, da Universidade de Gales do Sul, não crê que estejamos próximos de ver mamutes a andar pela Terra no curto prazo: “No meu ponto de vista profissional, não veremos um mamute nas próximas décadas, porque não é uma questão de mudar sete genes, teríamos de mudar milhares, e teremos de tratar da biologia reprodutiva também. De uma forma simplista, é como tentar empilhar escadas para chegar à Lua. Mas tenho de reconhecer mérito a este grupo de talentosos cientistas, continuam a lembrar-nos do poder das modificações genéticas”.
Outros especialistas concordam, mas lembram que a modificação genética precisa de fenótipos e poderá ter um papel diferenciador. “A tecnologia pode potencialmente ajudar a salvar espécies vivas da extinção através da engenharia dos seus fenótipos. Por exemplo, pode ser usada para restabelecer traços de tolerância ao calor perdidos por populações de espécies que estão em risco de extinção por causa de alterações climáticas provocadas pelos humanos”.
Andrew Pask, professor da Universidade de Melbourne e que colaborou com a Colossal Biosciences, explica que “além da ‘des-extinção’, esta investigação melhora o nosso entendimento da biologia evolucionária, da adaptação genética e da genética de conservação”.