A startup britânica Earthwave e um grupo de cientistas de dados analisaram informação proveniente de satélites e concluem que os glaciares nos Alpes estão a diminuir a um ritmo bastante superior ao que é registado globalmente: 39% nos últimos 20 anos, comparados com os 5% de média global. “Desenvolvemos um algoritmo para combinar os diferentes conjuntos de dados numa única estimativa comum da massa glaciar, dando-nos uma nova e melhorada imagem sobre o comportamento do glaciar nos últimos 20 anos”, explica Livia Jakob, da Earthwave, citada pela publicação The Next Web.
Em todo o mundo, os glaciares perderam 273 mil milhões de toneladas de gelo por ano desde 2000. O ritmo tem aumentado, de 231 mil milhões de perdas anuais entre 2000 e 2011 para 314 mil milhões de toneladas anualmente perdidas entre 2012 e 2023, revelava um estudo da Nature.
Percebe-se que as elevadas temperaturas na Europa (sobem duas vezes mais rápido do que a média mundial) têm conduzido a perdas rápidas nas montanhas geladas. Os Alpes suíços terão perdido 6% do volume total só em 2022. As partículas do deserto do Sara, que assentam na superfície do gelo, escurecendo-o e levando a que absorvam mais radiação solar, fazem também com que o derretimento na Europa seja acelerado. As estimativas não são animadoras, com alguns cientistas a preverem que os Alpes possam perder 90% da sua massa glaciar até 2100.
A pesquisa citada aqui foi feita no âmbito do GIambie, ou Glacier Mass Balance Intercomparison Exercise, uma iniciativa sedeada na Universidade de Zurique, em colaboração com o World Glacier Monitoring Service, a Universidade de Edimburgo e a Earthwave.
A informação usada provém de vários satélites que usam instrumentos de medição ótica, radares e lasers para avaliar a espessura do gelo a partir da órbita. O GIambie analisa depois esta informação, criando um repositório global comum.
Este tipo de estudos é importante para avaliar como o derretimento dos glaciares vai ter impacto no fornecimento de água potável, nos ecossistemas e na subida do nível das águas e o que pode ser feito para mitigar os piores efeitos do aquecimento global.