Uma equipa internacional de geólogos bateu o recorde de profundidade de perfuração do manto terrestre, ao conseguir escavar por mais de 1200 metros. O manto terrestre estende-se ao longo de várias dezenas de quilómetros, entre a crosta e o núcleo do planeta. Esta camada é descrita como tendo a consistência de caramelo, num fluido semi-sólido com uma composição diferente da que temos à superfície, pelo que a sua análise pode fornecer descobertas importantes. No entanto, por estar soterrado a várias dezenas de quilómetros abaixo da crosta, é de acesso difícil.
O feito da equipa só foi possível porque, em algumas áreas, o manto está mais perto da superfície, como é o caso da dorsal mesoatlântica, numa região onde a placa tectónica norte-americana se encontra com a euroasiática.
A bordo do navio JOIDES Resolution, a equipa usou uma grua para perfurar uma montanha subaquática e, apesar de só ter planeado ir até 200 metros, foi surpreendida pela facilidade e rapidez com que a sonda estava a perfurar e decidiu continuar, chegando aos 1268 metros e recolhendo 71% das rochas.
A amostra recolhida foi analisada a bordo pelos mais de 30 especialistas que concluíram que não se trata de material puro do manto, por já ter interagido com a água do mar e assumido uma estrutura semelhante à da pele de uma cobra. Também foram encontrados vestígios de outras rochas, permitindo aferir que não há uma fronteira tão clara entre o fim da crosta terrestre e o início do manto, noticia a New Atlas.
Além da pertinência geológica, a expedição vai ser importante para outras áreas de interesse, com a equipa a ter recolhido amostras de microrganismos, encontrados a diferentes profundidades, para analisar as reações químicas que produzem hidrogénio e outras moléculas essenciais à vida.