O verme marinho de Vanadis tem algumas características que o tornam insólito à luz dos conhecimentos atuais. Este invertebrado, pertencente à classe dos poliquetas, faz parte de um lote restrito de dez mil espécies que sobreviveram a cinco eventos de extinção em massa e conseguiram adaptar-se a diferentes habitats.
Anders Garm, biólogo marinho da Universidade de Copenhaga e Michael Bok, da Universidade de Lund, quiseram perceber como é que este verme desenvolveu, no meio da escuridão do fundo do mar, olhos 20 vezes mais pesados que a sua cabeça. Transpondo para a realidade humana, isto seria o equivalente a termos olhos a pesar cerca de cem quilos. Os cientistas perceberam que este verme tem uma capacidade visual extraordinária, conseguindo ver tão bem como os ratos, apesar de se tratar de um organismo relativamente simples, explica o New Atlas.
Os cientistas querem ainda perceber as razões pelas quais o verme desenvolveu estes olhos tão massivos e que são opacos, apesar do resto do organismo ser transparente. Outra questão que fica no ar é sobre os seus hábitos de vida, não se sabendo se são criaturas exclusivamente noturnas.
Os olhos do verme estão calibrados para ver luz em ultravioleta, invisível ao olho humano, e Garm acredita que conseguem detetar sinais bioluminiscentes, mesmo no mar escuro, estando a tentar provar a teoria de que o próprio verme pode ser bioluminiscente em ultravioleta, para se manter invisível às outras espécies. “Assim, teorizamos que desenvolveram esta visão ultravioleta aguçada para terem uma linguagem secreta para fins de envolvimento”, explica Garm.
A interrogação sobre a existência destes olhos tão grandes pode vir a ser explicada em breve, com uma parceria com os investigadores de robótica do Instituto Maersk Mc-Kinney Moller, em Copenhaga. Esta equipa sugere que os olhos grandes existem como uma forma super inteligente de se processar informação nos vermes que têm um sistema nervoso bastante simples. O grupo pretende perceber como é que “o mecanismo dos olhos pode ser traduzido para a tecnologia”, abrindo novas possibilidades à Ciência.