Uma experiência onde se misturaram elementos de realidade virtual com interfaces cérebro-máquina e implantes que analisaram os sinais cerebrais permitiu concluir que os ratos também têm imaginação e conseguem visualizar objetos e locais que não estão diretamente à sua frente. Albert Lee, neurologista no Beth Israel Deaconess Medical Center e líder do estudo, explica que “este trabalho dá-nos uma perspetiva sobre os elementos críticos que estão sob a imaginação humana no geral”.
O processo de imaginação tem um papel importante na forma como tomamos decisões complexas e arriscadas, com a visualização e a criação de cenários ‘virtuais’ a serem uma ferramenta importante no nosso pensamento.
A equipa de Lee quis explorar a forma precisa como os sinais neurológicos funcionam por trás da imaginação e implantaram elétrodos no cérebro de ratos adultos para monitorizar a atividade elétrica do hipocampo, a região do cérebro que tem um papel fundamental na aprendizagem e na memória. Depois, a equipa usou realidade virtual que podia ser explorada em 3D pelos roedores, movimentando-se em todas as direções numa passadeira esférica especial. Sempre que se aproximavam de um pilar nesse mundo, recebiam algumas gotas de água como recompensa. Com recurso a software, tentaram depois ligar padrões de sinais de eletricidade em áreas específicas dentro do ambiente virtual.
Depois, desligaram a passadeira e basearam a localização de cada rato dentro do mundo virtual com base em sinais do hipocampo e, para receberem a recompensa, os ratos tinham de imaginar que estavam a movimentar-se para junto dos pilares. Os cientistas perceberam que os ratos conseguem imaginar o local da recompensa, noticia o Stat News.
Noutra experiência, denominada Jedi em homenagem ao Star Wars, os investigadores verificaram que os ratos conseguem imaginar objetos numa localização permanente durante vários segundos, para obterem recompensas, num processo semelhante ao que acontece no nosso cérebro quando revivemos o passado ou imaginamos novos cenários.
A equipa de Lee espera que este estudo ajude agora outras equipas a criar uma interface cérebro-computador que ajude pacientes paralisados a mover-se mais eficientemente do que outras interfaces implementadas. Em vez de pensar sobre todos os passos que precisa de dar para chegar ao frigorífico, por exemplo, o paciente pode só imaginar que está em frente a este aparelho e a interface lê e interpreta estes sinais do hipocampo e transmite-os depois para a prótese assegurar o movimento.