A procura por minérios raros está a alimentar o apetite da indústria pela exploração das profundezas do oceano. O EASAC (de European Academies Science Advisory Council) alerta para os riscos que a exploração intensiva pode trazer aos ecossistemas marinhos e pede que a luz verde para o fundo dos mares não seja dada já. Os investigadores recomendam que se olhe primeiro para a reciclagem e para a exploração dos recursos em terra.
Com a perspetiva de vários países europeus a patrocinarem contratos de mineração com a ISA (International Seabed Authority) e na iminência de este organismo pronunciar a sua decisão final sobre o tema, os académicos fazem este apelo urgente para a moratória.
Na base da defesa desta posição, surgem vários argumentos, explica a organização em comunicado de imprensa. Em primeiro lugar, os apoiantes da exploração de recursos no mar profundo alegam que os minérios raros exigidos pelas ‘tecnologias verdes’ não podem ser encontrados em quantidade suficiente em fontes terrestres. O EASAC, no entanto, pela voz do diretor Michael Norton, explica que “a narrativa de que a mineração em mar profundo é essencial para alcançarmos os nossos objetivos climáticos e em direção a uma tecnologia mais verde é enganadora (…) A mineração em mar profundo não vai fornecer muitos dos materiais críticos necessários para a transição verde e para outros setores high-tech. Adicionalmente, as taxas de reciclagem podem ser melhoradas substancialmente e a inovação tecnológica futura não foi adequadamente considerada nas previsões”.
Os cientistas alertam para os danos irreparáveis que esta exploração pode causar em milhões de quilómetros quadrados do leito dos mares se a ISA autorizar a mineração comercial. “Os leitos milhares de anos a formar-se e os danos serão irreparáveis”, alerta a professora norueguesa Lise Øvreås.
O EASAC recomenda a moratória até que os padrões de proteção ambiental sejam desenvolvidos internacionalmente e que se definam concretamente as formas de monitorização deste tipo de exploração.
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