Para os cosmólogos, os buracos negros, estes pontos no espaço com a gravidade de milhares de milhões de sóis e de onde nada escapa, nem a luz, é uma grande complicação. Uma aberração matemática, como uma divisão por zero – “queremos que vão embora”, diz num vídeo de divulgação científica o cientista Chris Pearson, do Laboratório Rutherford Appleton (RAL Space), no Reino Unido, e coautor de um artigo científico no qual se avança com uma visão radicalmente diferente destes mistérios da física. Afinal, estes objetos, previstos há mais de cem anos por Einstein, não são o fim, o nada. Mas a origem, o motor da expansão do Universo, defende-se no trabalho apresentado nas publicações científicas The Astrophysical Journal e The Astrophysical Journal Letters. E mais. A gravidade e os buracos negros sozinhos são a fonte da energia escura que os cientistas procuram há duas décadas, desde que as observações do Telescópio Espacial Hubble mostraram que o Universo afinal entrou em expansão acelerada, pouco depois do Big Bang.
Voltemos então atrás, ao princípio de tudo. Há 13,5 mil milhões de anos, a matéria começou a viajar pelo espaço, empurrada pela força da grande explosão. E até às observações feitas pelo Hubble em 1998 pensava-se que a velocidade de expansão diminuiria com o tempo. Só que não foi isso que os astrónomos constataram. Pelo contrário, a dada altura, ainda o universo era praticamente um recém-nascido em idade cósmica, a expansão começou a acelerar, para nunca mais abrandar. Para explicar este paradoxo, os cientistas avançaram com uma hipótese: uma forma de energia, dominante no cosmos, a que se chamou energia escura, estaria a empurrar estrelas e galáxias, afastando-as, em lugar de as aproximar. Uma espécie de pressão negativa que estará por todo o lado, mas que ainda ninguém conseguiu perceber realmente do que se trata.