O dia não podia estar melhor para exibições de tecnologia aérea: céu azul, uma brisa suave e o castelo de Palmela ao longe, numa perfeita conjugação entre antigo e moderno. Cerca de três dezenas de peritos da divisão de Ciência e Tecnologia (STO) da NATO deslocaram-se às instalações do Centro de Experimentação Operacional da Marinha (CEOM), na Península de Tróia (no local conhecido como Fuzileiros) para ficar a conhecer as suas capacidades e valências.
Em particular, a possibilidade de lá se fazerem testes de spoofing e jamming, que são interferências maliciosas a nível eletromagnético e dos sistemas de localização, revela o responsável pelo CEOM, Anjinho Mourinha. A visita, que decorreu na quarta-feira, dia 22, incluiu demonstração de veículos aquáticos não comandados, dos dois tipos de drones recentemente contratados à empresa portuguesa Beyond Vision e também teste ao sistema cloud de controlo de operações.
Além da localização privilegiada para este tipo de ensaios, o CEOM é também a primeira Zona Livre Tecnológica do país – ZLT Infante Dom Henrique – estatuto que permite testar equipamentos, protótipos, ferramentas de comunicação de uma forma mais desburocratizada.
Na equipa que esteve de visita a Portugal participaram investigadores e também militares de 14 países – entre eles Austrália, Turquia, Canadá e EUA – que integram o grupo RTG (de Grupo de Tarefas de Pesquisa) na organização responsável pela inovação, consultadoria e soluções científicas que garantam a “vantagem militar e tecnológica” da NATO, descreve-se na página da Organização.
Em concreto, pretende-se resolver o problema da dependência do GPS, revela o representante da Marinha Portuguesa no Grupo, Plácido da Conceição. “Pensemos numa situação de guerra, como a que se vive hoje na Ucrânia. Presumimos que o GPS é um serviço que está sempre disponível, mas não está”, sublinha Plácido da Conceição. Os peritos procuram assim desenvolver soluções de arquitetura modelar aberta, recorrendo a vários tipos de sensores – barómetros, sistemas óticos que medem a distância – tudo integrado para que, em caso de disrupção do GPS, se consiga uma solução de posição, navegação e tempo. “Em cenários de catástrofes precisamos de soluções alternativas ágeis, independentes do GPS”, diz o especialista português. A Demonstração final está prevista para 2025, ali mesmo à beira do Sado.
O CEOM é também há 12 anos o local escolhido para a realização da “maior experiência com drones do mundo”, diz Anjinho Mourinha, o REPMUS, que em setembro junta grupos de militares de mais de vinte membros da NATO, mas também cientistas, universidades e empresas, com o objetivo de demonstrar capacidades de interoperabilidade. Este ano, um dos testes previstos inclui o novo cabo submarino inteligente, o K2D.