O investigador Wendell Medeiros-Leal avançou com a primeira avaliação extensiva dos stocks pesqueiros dos Açores. Mesmo reconhecendo que a pesca de pequena escala desempenha um papel crítico na segurança alimentar e contribui para quase metade das capturas mundiais de peixe, a limitação de dados leva a que o estado real da maioria dos stocks seja incerto ou desconhecido. Este trabalho incide sobre 18 dos 22 stocks pesqueiros prioritários da região dos Açores e foi realizado através de modelos baseados em comprimentos, para estimar pontos de referência biológicos e assim ter a compreensão total do estado real dos stocks explorados pela pesca.
Os modelos usados, explica o comunicado de imprensa, apresentam robustez para 15 dos stocks avaliados (Goraz, Boca Negra, Pargo, Veja, Bagre, Alfonsim, Imperador, Melga, Congro, Abrótea, Garoupa, Espada preto, Espada branco, Raia e Rocaz) e estiveram de acordo com o seu estado de exploração. Apenas três stocks (Chicharro, Cavala e Írio) apresentaram incertezas referentes ao estado de exploração.
As conclusões do trabalho revelam que 45% dos stocks prioritários açorianos foram classificados como sustentáveis (Rocaz, Espada preto, Abrótea, Garoupa, Imperador, Congro, Boca negra e
Melga), 33% em possível recuperação ou sobrepesca (Goraz, Veja, Pargo, Írio, Bagre e Alfonsim) e 22% sobrepescados (Raia, Chicharro, Cavala e Espada branco).
O trabalho desenvolvido visa fornecer algumas recomendações para a gestão destes recursos, de forma a auxiliar o Governo Regional na tomada de decisões e fomentar discussões com os intervenientes, como associações de pescadores e outras entidades.
O autor sublinha que “com a validação destas descobertas, pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM), as recomendações para a gestão devem ser amplamente discutidas antes de adotadas, procurando uma maior sinergia entre a ciência, governo e setor das pescas”.