O segredo está no prisma. E não é por ter o aspeto de um diamante esculpido para uma princesa gigante. É por ser neste pedaço de acrílico que se acumulam os raios solares, antes de entrarem na célula fotovoltaica, onde a energia elétrica e o calor transformam água em oxigénio e hidrogénio. Na unidade da Fusion Fuel Portugal, em Sintra, cada uma destas peças, alma do negócio, é produzida com cuidados de joalheiro. Praticamente todos os componentes da tecnologia comercializada pela empresa portuguesa de produção de hidrogénio verde saem daqui – onde também está instalado o departamento de Investigação e Desenvolvimento. Em Benavente fica outra unidade de produção, na qual se começou a fabricar, no final de 2022, os eletrolisadores de última geração.
Quebrar as moléculas de água, separando-a nos seus componentes, é a forma mais imediata de produzir hidrogénio. Se a energia para este processo vier de fontes de renováveis, como é o caso do sol, este passa a ter o rótulo de ‘verde’. Só esta via faz sentido para Jaime Silva, engenheiro eletrotécnico e CTO da empresa, cotada no mercado de ações americano Nasdaq. “O que é diferente e inovador no nosso processo tem a ver com a forma como produzimos hidrogénio – diretamente da radiação solar e aproveitando-a ao máximo”, diz Jaime Silva, que tem já uma vasta experiência na área da inovação tecnológica. O aproveitamento da radiação solar faz-se tanto pela energia térmica como pela energia elétrica, ambas usadas na conversão de água em hidrogénio. Além disso, tudo acontece “exatamente no ponto em que essas energias são criadas”, sublinha. Ou seja, de um lado entra água – idealmente vinda de um poço ou reservatório e depois purificada – e do outro sai hidrogénio e oxigénio.
