“Esta experiência inédita pretende avaliar o funcionamento de sensores semelhantes às tiras de urina no espaço, onde a gravidade é quase nula”, explica em comunicado Akmaral Suleimenova, a investigadora que lidera o projeto Lab-on-Paper. A iniciativa representa o primeiro voo de um projeto de uma equipa portuguesa a bordo do foguetão MASER e recorre a sensores de açúcar (glucose) ou de antibióticos (tetraciclina) com base em tecnologias já desenvolvidas pela equipa em 2014 e 2015.
O lançamento aconteceu ontem, 23 de novembro, e foi acompanhado pela líder do projeto e pelo professor catedrático da FCTUC João Gabriel Silva que, em Terra, asseguraram a operacionalidade dos biossensores, da estrutura mecânica desenvolvida para o efeito e da comunicação entre o foguetão e a experiência, encerrados numa caixa própria que foi testada ao longo dos últimos meses.
Os responsáveis pelo consórcio explicam em comunicado que “como no espaço não há hospitais, são necessárias formas simples de analisar o estado de saúde dos astronautas ou dos turistas espaciais. A recolha de uma amostra de sangue é muito difícil, pois a ausência de gravidade dificulta a transferência de líquidos. Perante esta situação, os testes rápidos para saliva ou urina, que mudam de cor, são os mais adequados, uma vez que basta um pouco urina/saliva para se obter um resultado visível a olho nu. Até à data nunca foi testada a possibilidade de usar estes sensores no espaço”.
A iniciativa é financiada pela European Low Gravity Research Association (ELGRA) e envolve a participação de múltiplos cientistas da Universidade de Coimbra, do Instituto Superior de Engenharia do Porto e da Universidade Nova de Lisboa, provenientes de vários grupos/centros de investigação: BioMark@ISEP/ BioMark@UC (do Centro de Engenharia Biológica; Akmaral Suleimenova, Goreti Sales, Manuela Frasco e Rita Cardoso), o CENIMAT (do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação; Afonso Sampaio, Ana Carolina Marques, Elvira Fortunato, Guilherme Ribeiro e Rui Igreja), o Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (João Gabriel Silva) e o Laboratório de Sistemas Autónomos (André Dias), além de João Pedro Coutinho, aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto.
O foguetão MASER, construído pela Agência Espacial Sueca, mede 12,6 metros de altura, consegue transportar 300 quilos de carga até cerca de 260 quilómetros de altitude.