A missão da Privateer é desenvolver ferramentas que permitam monitorizar melhor o lixo espacial e que trajetórias irão assumir os objetos que podem representar perigo para os satélites e missões no espaço. A iniciativa foi criada por Steve Wozniak, que fundou a Apple juntamente com Steve Jobs, e vai ter Alex Fielding como CEO e Moriba Jah, um reputado académico, ao leme.
O professor Jah dedicou a maior parte da sua vida académica a tentar chamar a atenção para o problema do lixo espacial e da crescente ameaça que este representa. Satélites que fornecem comunicações vitais para a Terra e missões de exploração podem estar em risco devido à existência destes objetos. A Privateer não quer desenvolver foguetões ou outro tipo de aparelhos que levem o Homem mais longe no espaço, mas quer ajudar a manter as órbitas limpas para que esse tipo de iniciativas possa acontecer. O tema tem merecido cada vez mais atenção, particularmente numa altura em que o número de satélites ativos no espaço tem vindo a aumentar exponencialmente.
Wozniak explica à CNN que “estamos claramente num ponto de inflexão e a enfrentar o crescimento exponencial da comercialização do espaço. Ter um melhor e mais global entendimento do que já está no espaço é crítico para podermos alimentar a economia espacial”.
A visão da Privateer passa por desenvolver um software, assente numa base de dados e que possa servir de ‘polícia sinaleiro’ no espaço, de forma que governos e agências espaciais percebam o que se está a passar lá em cima e possam planear as suas iniciativas.
Numa primeira fase, a Privateer conta com fundos do próprio Wozniak, mas Fielding já confirmou que estão a ser procurados outros investidores. Resta perceber se e como é que a iniciativa vai poder ser lucrativ, mas para já o objetivo parece ser o de ajudar a combater o que pode ser visto como uma crise ambiental no espaço.
“A nossa vida na Terra está ligada ao espaço [GPS, serviços financeiros, monitorização do clima] e mesmo os detritos mais pequenos a orbitar o planeta podem colocar em perigo e destruir capacidades críticas para alguns dos aspetos mais básicos do nosso dia-a-dia”, alerta Wozniak.
O programa informático que a Privateer está a desenvolver assenta numa primeira versão criada por Jah nos seus tempos na Universidade do Texas e tenta recolher todos os dados disponíveis a partir de radares em Terra. No futuro, esta informação poderá vir também dos satélites privados da própria Privateer, e ajudar a criar uma imagem clara de onde está cada pedaço de lixo espacial e para onde irá.
A iniciativa prevê disponibilizar publicamente a maior parte desta informação para não só ajudar programas futuros, como também contribuir para apurar responsabilidades de quem produziu e deixou determinado detrito no espaço.