A Orca tem oito grandes contentores para recolher carbono do ar, cada um com dezenas de ventoinhas cilíndricas que capturam o ar ambiente e filtram o dióxido de carbono. O material recolhido é depois aquecido, misturado com água e bombeado para baixo da terra. O objetivo é capturar 4000 toneladas de dióxido de carbono por ano, que ficará armazenado durante “milhares de anos”, de acordo com o comunicado da Climeworks.
A iniciativa tira partido de um método de geoengenharia que não é consensual quanto à sua eficácia. O DAC (de Direct Air Capture) propõe abrandar o aquecimento global recorrendo à aspiração de gases de estufa diretamente da atmosfera. Os ambientalistas dividem-se com alguns a apoiar a ideia e outros a condená-la, dizendo que que é demasiado cara e uma distração dos esforços que sejam mais efetivos. O processo tira partido dos conhecimentos obtidos noutras iniciativas, como a CCS (de carbon capture and sequestration) que remove o dióxido de carbono diretamente na fonte, noticia o Vice.
Ryan Hanna, cientista da Universidade da Califórnia, duvida que esta seja a forma mais eficiente, em termos de custos, para remover CO2 da atmosfera no longo prazo: “do que precisamos no curto prazo é conhecimento. Temos opções tecnológicas massivas, mas estão por trás de uma cortina”.
Alguns estudos apontam que as instalações como a Orca precisam de eletricidade para funcionar e geram, nesse processo, mais emissões poluentes do que aquelas que conseguem eliminar. O projeto da Climeworks consegue remover menos de 1% das emissões anuais de uma fábrica a carvão, o equivalente a 870 carros nas estradas.
Apesar de uma contribuição modesta para o panorama global, a Orca representa 40% de toda a capacidade DAC de todo o mundo. Em 2020, apenas 15 instalações DAC estavam operacionais em todo o mundo, capturando 9000 toneladas de CO2 por ano.
Um estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alerta que o mundo precisa de encontrar uma forma de remover 100 a mil gigatoneladas de CO2 até 2100 para evitar consequências catastróficas.