Uma equipa do Wyss Institute for Biologically Inspired Engineering da Universidade de Harvard anunciou ter criado uma ferramenta que permite aos cientistas realizar milhões de experiências genéticas em simultâneo. A técnica RLR (de Retron Library Recombineering) usa segmentos chamados retrons que conseguem produzir fragmentos de ADN e consegue suplantar algumas das limitações que se encontram na ferramenta mais popular do momento, a CRISPR-Cas9.
Max Schubert, co-autor do estudo, explica que “a RLR permitiu-nos fazer algo que era impossível com a CRISPR: cortamos aleatoriamente um genoma bacterial, transformamos esses fragmentos genéticos em ADN único in situ e usamo-lo para analisar milhões de sequências em simultâneo. A RLR é a ferramenta de edição de genes mais simples e mais flexível que podemos usar em experiências complexas, que elimina a toxicidade que se verifica muitas vezes na CRISPR e que melhora a capacidade dos investigadores em explorar mutações no genoma”, cita o Engadget.
Na técnica mais usada atualmente, a CRISPR-Cas9, há limitações no que diz respeito à entrega de materiais em grandes números e na possibilidade de a enzima Cas9, a ‘tesoura molecular’, poder cortar também ADN que não devia. Por outro lado, esta abordagem incorpora a sequência mutante no genoma durante o processo de reparação. Na RLR, é possível introduzir o ADN mutante numa célula replicadora, para que a sequência seja incorporada no ADN da célula ‘filha’. Por fim, esta nova abordagem permite introduzir códigos de barra ou etiquetas com nomes, o que habilita os cientistas a monitorizarem elementos individuais no meio de muitas bactérias.
A equipa conseguiu testar o método com sucesso em bactérias E.coli e descobrir mutações de resistência a antibióticos, num processo bastante mais rápido do que com outras ferramentas. A RLR terá de ser ainda afinada, melhorada e padronizada antes de poder ser usada por toda a comunidade, mas os criadores estão confiantes de que irá permitir em breve fazer novas e excitantes descobertas.