A equipa liderada por Jianwei Pan, Yuao Chen e Chengzhi Peng, da Universidade para a Ciência e Tecnologia em Hefei, na China, anunciou ter criado uma rede que perspetiva como será o futuro das comunicações. A novidade é que, ao contrário da encriptação convencional, esta rede assenta na distribuição de uma chave quântica que é considerada impenetrável, ideal portanto para comunicações seguras, como as de bancos, de infraestruturas elétricas ou outras igualmente sensíveis.
O núcleo central desta nova rede é precisamente a distribuição de chave quântica (QKD, da sigla em inglês) que usa os estados quânticos das partículas para criar sequências de uns e zeros que, ao ser espiada, muda de formato. Essa alteração revela então aos intervenientes que pode ter havido espionagem.
Este avanço agora combina as ligações no solo com links para os dois satélites e foi testado para conectar mais de 150 utilizadores industriais na China, entre eles entidades estatais, bancárias, redes municipais de alimentação elétrica e sites de e-governamentação. Jianwei Pan salienta que “o nosso trabalho mostra que a tecnologia de comunicação quântica está madura o suficiente para poder ser usada em aplicações práticas de grande escala”, cita o EurekaAlert.
A solução QKD tem sido aplicada para comunicações entre grandes distâncias que requeiram estabilidade, mas que aceitem perdas significativas de sinal. Em 2016, a China tinha anunciado os primeiros satélites para comunicação quântica (QUESS) e atingido a QKD entre duas estacoes no solo que distam 2600 quilómetros entre si. No ano seguinte, foi possível ligar Pequim a Xangai, mais de dois mil quilómetros de distância, usando uma rede de fibra ótica e com QKD.
Nos últimos anos, esta equipa de cientistas testou e melhorou o desempenho de diferentes partes da rede integrada. O aumento da velocidade de relógio e o aumento de eficiência do protocolo QKD permitem que a ligação satélite-solo tenha uma geração média de chave de 47,8 kilobits por segundo, o que é 40 vezes mais elevado do que se conseguia até então.
O desenvolvimento desta rede passa por expandir-se para parceiros na Áustria, Itália, Rússia e Canadá e pela criação de satélites e recetores no solo mais pequenos e baratos, bem como de satélites de média e grande escala que permitam comunicações ao longo de dezenas de milhares de quilómetros.