As observações do telescópio espacial GALEX mostraram, em 2004, um anel de luz azulada em torno de uma estrela central, a mais de 6000 anos-luz da Terra. A formação deste aro de luz esteve envolta em mistério até agora: “Sempre que pensávamos que já o tínhamos desvendado, aparecia algo que nos mostrava que não estávamos certos”, explica Mark Seibert, astrofísico do Instituto para a Ciência de Carnegie.
Agora, leituras feitas pelo Observatório W. M. Keck no Havai permitem perceber que o anel azulado é, na verdade, a base de uma nuvem em forma de cone com hidrogénio brilhante e que se afasta da estrela central, em direção à Terra. As observações mostram a existência de um segundo cone, a partir da estrela para longe da Terra também. Os cientistas acreditam que as nuvens de vestígios fluorescentes se formaram depois da colisão de uma estrela semelhante ao Sol e consumido uma outra estrela mais pequena, há milhares de anos.
Estas observações mostram ainda uma fase evolutiva de uma colisão estelar que nunca tinha sido vista. Keri Hoadley, que liderou os estudos e trabalha no departamento de Física da Caltech, explica que “a fusão de duas estrelas é bastante comum, mas rapidamente se torna obscura à medida que poeiras se expandem e arrefecem no espaço, o que significa que não conseguimos ver o que aconteceu”. “É como vermos os primeiros passos de um bebé. Se pestanejarmos, perdemos o momento”, complementa Don Neill, astrofísico da Caltech também, citado pelo site Space.com.
“Apanhamos o processo antes de ser demasiado tarde. Com o tempo, a nebulosa vai dissolver-se no espaço interestelar e não poderíamos dizer que algo aconteceu”, afirmou Keri Hoadley.
A colisão estelar ejetou uma nuvem de vestígios quentes no espaço e, à medida que esta se afastou, criou uma onda de choque que, por sua vez, aqueceu as moléculas de hidrogénio na nuvem, produzindo então as emissões ultravioleta detetadas em 2004.