O SOFIA, de Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy, realizou observações que confirmam que mesmo a parte iluminada da Lua tem moléculas de água. O observatório estratosférico, um Boeing 747 adaptado, está equipado com um telescópio e realiza observações no espetro infravermelho da luz, enquanto percorre a estratosfera. A presença deste líquido no nosso astro não é novidade, uma vez que já se sabia que as zonas mais sombrias da Lua têm água. A próxima missão Artemis da NASA pretende precisamente tentar tirar partido destes reservatórios gelados, através de uma sonda.
Os investigadores afirmam ter detetado entre 100 e 412 partes por milhão numa área de um metro cúbico de solo, o equivalente a uma lata de 0,33 litros. A NASA contextualiza dizendo que o deserto do Sara tem cem vezes mais água do que aquela que foi agora detetada, noticia o Tech Crunch. Paul Hertz, diretor na NASA, revelou em conferência que “hoje, anunciamos uma descoberta importante do SOFIA, que o hidrogénio detetado anteriormente na superfície iluminada pelo Sol está localizado em moléculas de água”. A água foi detetada na cratera Clavis, no hemisfério sul da Lua.
Os astrónomos vão agora tentar perceber como é que estas moléculas tão raras de água conseguem subsistir à superfície da Lua na parte exposta ao Sol. O objetivo é entender como se forma, como chega lá e como é que se acumula, numa tentativa de perceber se essas descobertas podem de alguma forma a ajudar no estabelecimento de uma presença mais permanente à superfície do astro, nomeadamente as missões do programa Artemis, previsto para arrancar já em 2021.
“Sem uma atmosfera resistente, a água na parte iluminada da Lua devia estar a perder-se no espaço. No entanto, de alguma forma, estamos a vê-la. Há algo a gerar água e deve haver algo a mantê-la”, disse Casey Honnibal, do Goddard Space Flight Center da NASA. A utilização de recursos in-situ, como sejam a água, pode facilitar bastante as missões futuras. “Perceber a fonte da água e a sua retenção ajuda-nos a perceber melhor a história alargada, o papel da água no nosso sistema solar e noutros corpos, como asteroides (…) Pode vir a ter implicações na exploração espacial humana”, complementou Honnibal.
Jacob Bleacher, outro responsável na NASA, sublinhou que “se não tivermos de levar água na nossa missão, temos oportunidade de levar outros itens que podem ser úteis. Por exemplo, mais instrumentos científicos. É fácil perceber que, se houver água de fácil acesso na Lua, isso seria uma grande ajuda”.
O programa Artemis prevê a colocação da primeira mulher na Lua e o regresso de um homem. Ao todo, entre 2021 e 2024 serão lançadas para o espaço três naves e cápsulas Orion. A primeira componente tripulada desta missão só deve acontecer em 2023.