As noites têm sido curtas para o astrónomo e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço Nelson Nunes. O despertador está acertado para as quatro da manhã, hora a que o cometa NEOWISE começa a dar o ar da sua graça. Descoberto muito recentemente, em março deste ano graças a observações do telescópio espacial que lhe dá o nome, o cometa tem brindado os madrugadores com uma visão imaculada deste tipo de objetos celestes. É claro que a qualidade da observação depende do local onde nos encontramos. E Nelson Nunes está num dos melhores locais do país para ver estrelas, cometas e afins. No Observatório do Lago do Alqueva (OLA), que fundou com dois sócios, estão reunidas todas as condições para uma visão do céu sem interferências. Raramente há nuvens, a humidade do ar é baixa, não há edifícios à volta e a iluminação pública é praticamente inexistente. “Mesmo a olho nu consegue-se ver a causa do cometa. É lindíssimo!”
Pelas lentes do telescópio o encantamento é ainda maior, relata o astrónomo. A cada noite, o cometa desperta uns minutos mais tarde pelo que vai sendo cada vez mais curta a janela de oportunidade entre o aparecimento do objeto celeste no horizonte e o nascer do do sol. “Se não fosse a Lua, a observação seria ainda mais fenomenal”, admite. É possível que o cometa seja visível também cerca de uma hora depois do pôr do sol, pelas 21h30-22h00, a partir de amanhã. Mas estará muito baixinho logo abaixo da Ursa Maior.
Quem tiver equipamento de observação e quiser o apoio de Nelson Nunes, pode aparecer no OLA. Mas convém despachar-se, porque depois do fim-de-semana já não deverá ser possível ver o NEOWISE. E a próxima oportunidade só chegará daqui a quase 6800 anos.
Veja na fotogaleria, o cometa em várias ‘poses’.